Metalúrgicos alemães interrompem greve e sofrem maior derrota da sua história

A greve obrigou grandes fabricantes do ramo automóvel, como a Volkswagen, a Audi e a BMW, a suspenderem a produção de alguns dos seus principais modelos, mas foi muito criticada tanto pelo Governo como pela oposição conservadora.

“A amarga verdade é esta: a greve fracassou”, anunciou ontem o presidente da IG Metall, Klaus Zwickel, após uma maratona negocial de 16 horas com o patronato, que terminou sem resultados.

Zwickel justificou a interrupção da greve, que terá de ser aprovada ainda pela direcção nacional do IG Metall, com as dificuldades em intensificar esta acção de luta, que forçou a capitulação do maior sindicato vertical do mundo.

A fraca adesão à greve em algumas empresas do leste do país, sobretudo na última semana, após um mês de jornadas de luta, apressou a decisão dos dirigentes da IG Metall e poderá pôr em causa o sucessor indigitado de Zwickel, Juergen Peters, um dos cérebros desta acção.

A suspensão da produção nas fábricas de automóveis na parte ocidental do país - só a Volkswagen deixou de produzir cerca de 20 mil veículos - foi criticada também por alguns dirigentes dos metalúrgicos, devido à difícil situação económica.

Por sua vez, o patronato alemão alegou que a greve para impor a semana de 35 horas de trabalho para os 310 mil metalúrgicos no leste do país era “um suicídio” que poderia reduzir as encomendas e aumentar o desemprego nas empresas do sector.

Quase 13 anos após a reunificação da Alemanha, os metalúrgicos no leste continuam a ter salários mais baixos e a trabalhar mais três horas por semana do que os seus camaradas na parte ocidental.

A produtividade das empresas metalúrgicas na ex-RDA atinge pouco mais de 70 por cento dos níveis ocidentais, com raras excepções, e o desemprego nesta zona do país continua acima dos 20 por cento, o dobro do existente na parte ocidental.