PT fracassa na primeira volta das eleições municipais no Brasil

Partido de Lula da Silva perdeu, logo à primeira volta, o poder no município em São Paulo, o maior do país.

Foto
Lula da Silva disse que o PT sairia "mais forte" destas eleições NELSON ALMEIDA/AFP

Os eleitores brasileiros castigaram os candidatos do Partido dos Trabalhadores (PT) na primeira volta das eleições municipais que decorreu no domingo, depois de meses de uma crise política que levou à destituição da Presidente Dilma Rousseff e à queda do seu Governo.

O PT, que de todas as capitais estaduais onde apresentou candidato só conquistou a de Rio Branco, no Acre –  Marcus Alexandre foi reeleito com 54,9% dos votos –, perdeu a importante prefeitura de São Paulo, a maior cidade do país, com 12 milhões de habitantes. Com 99% dos votos contados, o candidato do Partido da Social-Democracia Brasileira  (PSDB), João Doria, obteve, segundo a AFP, 53,3% contra os 16,7% alcançados por Fernando Haddad, concorrente do PT eleito em 2012 com o apoio do ex-Presidente Lula da Silva, agora oficialmente imputado pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

O PSDB é o partido dominador em São Paulo, e a vitória de Doria era mais do que previsível (embora as sondagens anteriores à votação ainda atirassem a disputa para uma segunda volta). A nível partidário, dá um sinal importante de prevalência da ala paulista do PSDB, encabeçada pelo governador Geraldo Alckmin, sobre a facção mineira, representada pelo último candidato presidencial, Aécio Neves. Bastante impopular, mesmo entre os seus correlegionários, o concorrente do PT – que nas mesmas sondagens surgia atrás dos seus opositores do PRB (partido ligado à Igreja Universal do reino de Deus) e do PMDB –, acabou por falhar na linha de meta a passagem à segunda volta. “Haddad admitiu a derrota e, num gesto simpático, parabenizou-me”, disse Doria, citada pela AFP.

Apesar de, quando foi votar, entre aplausos dos seus partidários e algumas vaias de opositores, Lula da Silva, ter dito que acreditava que o PT sairia “mais forte desta eleição”, a esquerda não saiu vencedora. A derrota do PT, que esteve 13 anos à frente do Brasil e que também foi penalizado no grande subúrbio industrial de São Paulo, beneficiou os partidos que agora se coligaram no novo Governo do país, o PSDB e o PMDB, de Michel Temer que substituiu Dilma Rousseff – isto apesar de o partido ter perdido no Rio de Janeiro, levando para a segunda volta Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (PSOL).

Mais de 144 milhões de eleitores foram chamados a escolher os próximos vereadores, presidentes e vice-presidentes de câmara em 5.568 municípios. Há ainda uma segunda volta a 30 de Outubro, nos municípios com mais de 200 mil habitantes.

Michel Temer votou cercado por guarda-costas e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes, disse mesmo que estas eleições foram as mais violentas dos últimos anos, sobretudo no Rio de Janeiro. Depois de uma série de assassinatos, o Ministério da Defesa enviou 25 mil militares para reforçar a segurança em várias cidades. 

 

 

 

Sugerir correcção
Ler 9 comentários