Nomeado para o Supremo reafirma críticas aos ataques de Trump contra juízes

Durante a audiência para a confirmação da nomeação para o Supremo, Neil Gorsuch, escolhido por Donald Trump, considerou que as críticas do Presidente a alguns juízes federais são "desanimadoras e desmoralizadoras".

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Gorsuch foi questionado pelos senadores americanos esta terça-feira Reuters/JOSHUA ROBERTS

O juiz americano Neil Gorsuch, nomeado por Donald Trump para o painel do Supremo Tribunal americano, afirmou esta terça-feira o que já havia dito em privado: que se sente ofendido pelos comentários críticos do Presidente em relação aos magistrados e à Justiça.

Durante a audição com os senadores tendo em vista a confirmação da nomeação como juiz do Supremo, Gorsuch criticou os comentários de Trump relativamente às decisões de alguns juízes federais, sobre o decreto que fecha a porta de entrada dos EUA a cidadãos de seis países de maioria muçulmana. “Quando alguém critica a honestidade ou integridade ou os motivos de um juiz federal, eu considero isso desanimador. Eu considero isso desmoralizadora. Porque eu conheço a verdade”, afirmou Gorsuch, citado pelo Washington Post, em resposta às questões do senador democrata Richard Blumenthal.

Outro democrata, Patrick J. Leahy, perguntou ao juiz se este seria capaz de responsabilizar o Presidente. "Ninguém está acima da lei", respondeu.

Apesar de pressionado a desenvolver as críticas a Trump, Gorsuch recusou comentar considerações específicas realizadas pelo Presidente americano sobre os juízes norte-americanos. “Eticamente, fui o mais longe que podia”, justificou o magistrado nomeado por Donald Trump.

Já em Fevereiro, era noticiado que Neil Gorsuch tinha proferido as mesmas declarações em privado. Em concreto, durante um encontro com Richard Blumenthal, o mesmo senador que agora levantou a questão durante a audiência. Foi o próprio senador que o revelou aos jornalistas na altura: “Ele disse muito especificamente que eram [as declarações de Trump] muito desmoralizadoras e desanimadoras e ele caracterizou-as muito especificamente dessa maneira”. 

Em causa estão as considerações de Trump relativas ao juiz James L. Robart, de Seattle, no estado de Washington, que ordenou o bloqueio temporário do decreto que proibia a entrada nos EUA de pessoas oriundas de sete países de maioria muçulmana. Trump afirmou que a decisão “deste pseudo-juiz é ridícula e será anulada”. “Simplesmente não consigo acreditar que um juiz ponha o nosso país em tamanho perigo. Se alguma coisa acontecer, culpem-no e ao sistema judicial. Pessoas a entrarem de forma descontrolada.”, afirmou ainda o Presidente noutro tweet. Mas a atribuição de responsabilidades aos tribunais não se ficou por aqui, e Trump utilizou novamente o Twitter para dizer: “Dei instruções à Segurança Interna para verificarem as pessoas que estão a entrar no nosso país MUITO CUIDADOSAMENTE. Os tribunais estão a dificultar muito o trabalho!”

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