Recontagem de votos suspensa no Michigan

Juiz federal que tinha autorizado processo concordou que Jill Stein não tinha base legal para fazer o pedido. Candidata do Partido Os Verdes promete recorrer.

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A recontagem no condado de Oakland, no estado do Michigan Reuters/REBECCA COOK

Um juiz federal dos Estados Unidos da América suspendeu a recontagem dos votos das eleições presidenciais de 8 de Novembro no Michigan, um dos estados que foi decisivo para a vitória de Donald Trump, por considerar que não tinha fundamento legal.

A recontagem dos votos no Michigan tinha começado na segunda-feira, depois de o mesmo magistrado ter aceitado um requerimento da candidata do Partido Os Verdes, Jill Stein, que invocava dúvidas sobre pirataria nos sistemas informáticos que efectuam a contagem e sobre a fiabilidade das máquinas de voto. Argumentos idênticos aos usados para pedir a reabertura dos processos no Wisconsin (onde já 70% dos votos foram revistos, sem alterações significativas) e na Pensilvânia (onde só sexta-feira o tribunal irá avaliar o pedido). Nos três estados, Trump bateu a candidata democrata Hillary Clinton por uma margem de alguns milhares de votos.

Terça-feira, um tribunal de recurso do Michigan tinha ordenado a suspensão da recontagem, alegando que Stein não podia declarar-se como "parte lesada", uma vez que ficou em quarto lugar nas eleições naquele estado, e como tal não tinha bases legais para apresentar recurso, escreve a agência de notícias AP. Um veredicto que o juiz federal Mark A. Goldsmith acabou por acatar na decisão emitida quarta-feira à noite, apesar de considerar "graves" as suspeitas levantadas por Stein. 

A líder do Partido Republicano no estado, Ronna Romney McDaniel, declarou a decisão "uma vitória para os eleitores do Michigan", sublinhando que uma candidatoa que obteve apenas 1,07% dos votos "não está legalmente autorizada a sequestrar a vontade expressa pelos eleitores e a obrigar à realização de um manobra pública árdua e dispendiosa". 

Mas Stein, que arrecadou milhões de dólares online para pedir a recontagem em estados decisivos para a vitória de Trump, garante que a batalha judicial não terminou, apesar de o prazo para os estados certificarem os resultados terminar no próximo dia 13. Pouco depois de conhecido o veredicto, os advogados da candidata ecologista emitiram um comunicado anunciando a intenção de recorrer para o Supremo Tribunal estadual, a fim de garantir que a recontagem já em curso chegue ao fim. "Com tantas irregularidades registadas no Michigan – incluindo mais de 75 mil votos em falta, incluindo muitos em zonas urbanas, uma falta de cuidado generalizada e até talvez a interferência na preservação dos boletins de voto – há uma possibilidade real de os votos de muitos eleitores terem sido suprimidos durante esta eleição". Não é, no entanto, garantido que a instância máxima no estado aceite o pedido da candidata.

A campanha de Clinton, que inicialmente tinha decidido não apresentar qualquer pedido de recontagem, acabou por apoiar os pedidos de recontagem, apesar de reconhecer que a margem de vitória de Trump nesses estados é superior à média de votos habitualmente transferida nas recontagens. 

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