Dois terços dos quase 7800 migrantes mortos em 2016 morreram no Mediterrâneo

Contas da Organização Internacional para as Migrações indicam que o número de migrantes mortos aumentou consideravelmente em 2016.

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As condições metereológicas dificultam a identificação dos corpos Reuters/STRINGER

O número de migrantes mortos aumentou consideravelmente em 2016, particularmente no Mediterrâneo, onde as condições de travessia impostas pelas redes de tráfico ilegal são cada vez mais arriscadas e perigosas, indicou um relatório da ONU divulgado nesta sexta-feira.

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) contabilizou 7763 migrantes mortos em 2016, mais 27% do que as 6107 vítimas mortais registadas no ano anterior.

Dois terços das mortes registadas em 2016 ocorreram no Mediterrâneo, onde 5098 pessoas perderam a vida ao tentar fazer a viagem entre o Norte de África, a Turquia e o Médio Oriente para a Europa, indicaram as informações recolhidas pelo Centro de Análise de Dados da OIM em Berlim.

Apesar dos esforços internacionais de resgate cada vez mais organizados e do número de pessoas que tentam fazer esta travessia ter decrescido, as mortes no Mediterrâneo em 2016 aumentaram 35% face ao ano anterior. A maior parte foi registada na rota do Mediterrâneo central: 4581 migrantes perderam a vida nesta longa ligação entre a Líbia (Norte de África) e Itália.

Num ano, o número total de migrantes que tentaram chegar à Europa através do Mediterrâneo diminuiu de forma significativa. Em 2015 foram mais de um milhão, enquanto em 2016 situaram-se nos 363.348.

Grande parte deste decréscimo deveu-se ao acordo entre a União Europeia (UE) e a Turquia, firmado em Março de 2016, que conseguiu reduzir o fluxo de migrantes para dentro da Europa, sobretudo o número de chegadas através da rota do Mediterrâneo oriental, entre as costas turcas e a Grécia. As recentes tensões diplomáticas entre Ancara e vários países europeus estão a colocar em risco o futuro do acordo.

A par dos grandes naufrágios registados no Mediterrâneo, a OIM chama a atenção para o registo de acidentes fatais relacionados com as manobras cada vez mais arriscadas e perigosas das redes de tráfico ilegal, como por exemplo o uso simultâneo de várias embarcações, o que dificulta as operações de resgate nomeadamente na altura do Inverno.

“Isto não é uma coisa completamente nova, mas há um comportamento imprudente por parte dos traficantes que só querem aumentar os seus lucros", disse o director do centro da OIM em Berlim, Frank Laczko. “Há enormes somas de dinheiro envolvidas em cada travessia do Mediterrâneo, quanto mais pessoas são colocadas numa embarcação, mais dinheiro os traficantes ganham”, reforçou o representante.

O relatório revela ainda que na região do Norte de África morreram, em 2016, 1279 migrantes, mais do que os 672 registados no ano precedente.

Na África Ocidental, contam-se 169 mortes, um aumento face às 84 vítimas contabilizadas em 2015. No Médio Oriente, as mortes de migrantes também aumentaram no ano passado, de 32 para 113.

Noutras regiões, a OIM indicou que  400 migrantes morreram ao longo da fronteira entre os Estados Unidos e o México, contra os 348 que perderam a vida em 2015. Por causa das condições meteorológicas registadas naquela zona, a identificação dos corpos é difícil. Dos 143 casos em que as identidades dos migrantes foram determinadas, a maioria das vítimas era oriunda do México.

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