Dezenas de detenções em novos protestos anti-Kremlin

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Os manifestantes acusam o partido de Putin de fraude eleitoral REUTERS

Centenas de pessoas desafiaram o aviso do primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, de que manifestações não autorizadas no país seriam “paradas”, um dia depois de Moscovo ter assistido a um dos maiores protestos anti-regime em vários anos, numa denúncia dos resultados das eleições de domingo, das quais saiu de novo vencedor o Rússia Unida.

Cerca de 600 pessoas – entre elas também muitos membros da organização juvenil pró-Kremlin Nachi – juntaram-se ao fim do dia numa das praças centrais da capital, depois dos apelos feitos para nova manifestação de contestação através das redes sociais. Os grupos trocaram entre si slogans opostos, não tendo sido registados confrontos.

A polícia diz ter detido 250 pessoas, na sua maioria manifestantes anti-regime, entre eles o líder da oposição Boris Nemtsov, membro da coligação Parnas (impossibilitada pelas autoridades eleitorais de concorrer no sufrágio legislativo).

Milhares de polícias e tropas afectas ao Ministério do Interior russo foram mobilizadas desde cedo na capital, que se encontra num estado de “vigilância apertada”, descrito pelo porta-voz ministerial Vasili Pantchenkov como medidas para “garantir a segurança dos cidadãos”.

Do gabinete de Putin viera um aviso claro logo ao início do dia: “Aqueles que fizerem manifestações autorizadas não verão os seus direitos limitados – como estamos a testemunhar”, afirmou o porta-voz de Putin, Dmitri Peskov, fazendo referência à marcha de alguns milhares de activistas das juventudes pró-Kremlin que encheram de manhã o centro de Moscovo. Mas, prosseguiu a mesma fonte, “as acções dos que fizerem manifestações não autorizadas terão de ser paradas da forma adequada”.

Este mesmo aviso foi reiterado pela polícia de Moscovo, ao mesmo tempo que circulavam na Internet apelos para novos protestos similares ao da véspera para o fim do dia, em Moscovo e também São Petersburgo.

Na noite de segunda-feira, após terem sido conhecidos os resultados que davam maioria absoluta ao partido no poder, com 49,54 por cento dos votos – mas uma perda muito significativa de assentos parlamentares em relação à anterior legislatura –, cerca de cinco mil pessoas juntaram-se na praça Lubianka, onde fica a sede dos Serviços Federais de Segurança (FSB, o sucessor do KGB) para denunciar fraudes no sufrágio a favor do partido no poder, liderado por Putin e cuja cabeça de lista foi o actual Presidente, Dmitri Medvedev.

Valdimir Putin, que se recandidata à chefia de Estado em Março (esteve constituciolalmente impedido de o fazer em 2008) voltou a insistir na ideia de que o recuo do Rússia Unida (menos 77 deputados do que na anterior maioria constitucional) era “inevitável”, justificando-o com a actual crise económica mundial.

E Medvedev avisou o Ocidente para não intreferir, nem criticar, o sistema político russo.

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