Os dirigentes republicanos e democratas do comité da Câmara dos Representantes (a câmara baixa do Congresso) para os serviços secretos disseram esta quarta-feira que ainda não viram nenhuma prova que sustente as graves acusações que Donald Trump dirigiu ao antecessor Barack Obama através do Twitter, afirmando que este escutara os seus telefonemas. O congressista republicano Devin Nunes, um destacado apoiante de Trump, admite que não há provas de que a Torre Trump tenha estado sob escuta durante a campanha presidencial, cita a Reuters.

Do lado democrata, Adam Schiff diz que o comité ainda está à espera que o Departamento de Justiça apresente provas que possam sustentar a acusação. O congressista diz que as declarações de Trump são “claramente falsas”, cita o The Guardian, instando o Presidente a clarificar as suas afirmações.

É o Departamento de Estado que está encarregue de apresentar provas, mas Sean Spicer, o porta-voz da Casa Branca, afirmou na segunda-feira que o Presidente não deu qualquer ordem nesse sentido, ensaiando já um recuo face às graves acusações de Trump: o chefe do Estado falou em "escutas", não em escutas, e a diferença está nas aspas, argumentou.

O comité tinha dado até 20 de Março para o Departamento de Justiça apresentar provas. “Se chegarmos a dia 20 de Março e não tivermos os testemunhos que esperamos do director [do FBI] de que não há susbtância na acusação de que Barack Obama espiou ilegalmente a Trump Tower, o Presidente precisa de se explicar”, diz Schiff, cita o The Guardian.

O republicano Nunes sugere, tal como Spicer, que os tweets de Trump não podem ser entendidos de forma “literal”. Por que se forem, admite o luso-descendente, então “claramente, o Presidente estava errado”.

“Não temos provas nenhumas de que tivesse havido, de facto, [uma escuta] e eu não acredito – apenas pelas conversas que tive durante a semana passada – não acho que haja mesmo um gravador na Trump Tower”, disse Nunes, um dos maiores apoiantes da campanha de Trump, numa conferência de imprensa esta quarta-feira.