Antiga oficina de Soares dos Reis em Gaia vai ser reabilitada

O protocolo entre a câmara de Gaia e a Universidade do Porto foi assinado nesta segunda-feira. O antigo atelier vai ser transformado num “museu vivo” e numa oficina para jovens artistas.

Fotogaleria
O Desterrado é uma das obras mais conhecidas de Soares dos Reis Paulo Pimenta
Fotogaleria
O Desterrado é uma das obras mais conhecidas de Soares dos Reis ADRIANO MIRANDA
Fotogaleria
Nascido em Gaia em 1847, Soares dos Reis é considerado um dos maiores escultores portugueses ADRIANO MIRANDA

A Câmara de Gaia e a Universidade do Porto vão juntar esforços para reabilitar e transformar num "museu vivo" a oficina-atelier Soares dos Reis, junto à Serra do Pilar. Não há ainda uma estimativa do investimento necessário, que deverá ser suportado por fundos comunitários, mas, na cerimónia que decorreu esta segunda-feira, na Casa Museu Teixeira Lopes, o autarca Eduardo Vítor Rodrigues considerou que a assinatura do protocolo de parceria entre as duas instituições marca o início do projecto.  

O antigo atelier e casa do escultor vai ser transformado num “espaço vivo” e “dinâmico”, explicou o vereador Delfim Sousa que tenta “há 20 anos avançar com o projecto”. Em algumas das salas vai ser possível visitar um museu dedicado a Soares dos Reis e outra parte do espaço vai regressar às origens e irá ser transformado numa oficina de trabalho aberta a estudantes de mestrado e doutoramento e a artistas que visitem a cidade e queiram ali fazer uma residência artística, continuou o vereador. O Museu Nacional Soares dos Reis e a Casa-Museu Teixeira Lopes vão contribuir com espólio e esculturas para o "núcleo museológico vivo" que virá a ser constituído.

O restauro do atelier na Rua Luís de Camões vai “respeitar integralmente o espaço” e o “próprio Soares dos Reis”, que desenhou a casa-oficina construída durante a segunda metade do século XIX, assegurou Delfim Sousa.

O protocolo assinado entre o reitor da Universidade do Porto, Sebastião Feyo de Azevedo, o Director da Faculdade de Belas Artes, José Paiva e por Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia delineia o plano de intervenção e os encargos de cada parte. Cabe à autarquia realizar a obra e financiar o projecto, que vai ser candidatado a fundos comunitários.

Para já, a Câmara ainda não sabe o orçamento do projecto nem o prazo de finalização da obra. O investimento está dependente do levantamento “das condições históricas e arquitectónicas da casa” e da apreciação do estado do edifício, tarefas que técnicos do município vão realizar já num "futuro próximo", garante o autarca, acrescentando que a casa com quase 150 anos nunca foi restaurada como irá ser agora.

Na cerimónia, o reitor da UP falou “numa imensa obrigação” que a universidade tem na recuperação do Património que “promove os valores humanos”, considerando, ainda, que projectos como este aproximam a sociedade dos valores culturais.

Já o presidente da câmara salientou a importância de "valorizar uma pessoa que é marca de Gaia e do país", disse, referindo-se ao escultor que nasceu nesta cidade. Quanto à localização do edifício, próximo da Serra do Pilar, o autarca diz que isso pode gerar “uma dinâmica de turismo que deve ser aproveitada", atraindo os visitantes que, "além do vinho do Porto, procuram a identidade da cidade, do povo". 

Actualmente, a Universidade do Porto é a dona do edifício que o jornal O Primeiro de Janeiro comprou em hasta pública em 1938 e que vendeu à Câmara de Gaia alguns anos depois. A autarquia doou-o ao Estado que, depois de realizar obras de restauro, o cedeu por volta de 1950 à Escola Superior de Belas Artes (actual faculdade), na qual Soares dos Reis foi aluno e, mais tarde, professor.

António Soares dos Reis nasceu em 1847, em Vila Nova de Gaia e é considerado um dos maiores escultores portugueses do século XIX, A estátua em mármore O Desterrado, que está no museu nacional com o seu nome, no Porto, é uma das suas obras mais conhecidas .

Além da requalificação da casa-atelier, o protocolo assegura ainda o restabelecimento do Prémio de Escultura Soares dos Reis, que irá voltar a distinguir todos os anos um estudante com um prémio monetário no valor de 2 500 euros, atribuído pela Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia. Os pormenores do regulamento e os participantes elegíveis a concurso ainda vão ser discutidos no Senado da Universidade do Porto. 

Texto editado por Abel Coentrão

Sugerir correcção
Comentar