Schäuble diz que há acordo entre Bruxelas e FMI sobre o que a Grécia deve fazer

Eurogrupo tenta que missão da troika volte a Atenas para fechar avaliação. Grécia sem problemas de liquidez até ao Verão.

O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, diz que FMI e Comissão já se entenderam
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O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, diz que FMI e Comissão já se entenderam LUSA/OLIVIER HOSLET
O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselboem, e o ministro grego Euclid Tsakalotos antes do encontro.
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O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselboem, e o ministro grego Euclid Tsakalotos antes do encontro. LUSA/OLIVIER HOSLET
Mário Centeno está presente na reunião do Eurogrupo desta segunda-feira
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Mário Centeno está presente na reunião do Eurogrupo desta segunda-feira LUSA/OLIVIER HOSLET

As instituições que compõem a troika já chegaram a um entendimento comum sobre aquilo que a Grécia terá de fazer para fechar mais uma avaliação do seu programa, revelou esta segunda feira o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, à entrada para a reunião do Eurogrupo que se realiza em Bruxelas.

O encontro dos ministros das Finanças da zona euro que se realiza esta segunda-feira vinha sendo apontado há vários meses como a data limite para que a Grécia visse os seus parceiros europeus fechar positivamente mais uma avaliação, o que permitiria a entrega de mais uma tranche do empréstimo da troika. No entanto, as dificuldades de entendimento entre a troika e a Grécia e, também, entre os países da zona euro e o Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre aquilo que deve ser exigido no programa tornaram a obtenção de um acordo nesta data impraticável.

Por isso, à chegada para a reunião, os vários responsáveis de instituições e governos europeus manifestaram apenas a ambição de que do Eurogrupo saísse a decisão de colocar uma missão da troika novamente no terreno. Foi isso que disse o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem: “A minha missão é colocar outra vez a missão em Atenas e depois disso ainda haverá muito trabalho a fazer”.

Para que isso aconteça, contudo, é necessário que as partes cheguem a acordo em relação àquilo que a missão irá verificar em Atenas. E, de entre os participantes do Eurogrupo, foi Wolfgang Schäuble que deu mais informações em relação ao ponto de situação das discussões. O ministro alemão disse que, pelo menos entre as autoridades europeias e o FMI, já há entendimento. “Acredito que as instituições [da troika] têm uma posição comum e que iremos chegar a um ponto durante o dia de hoje em que a missão técnica possa ir para Atenas e se possa obter um resultado”, disse.

A Alemanha é um dos países que tem defendido que o programa grego não pode continuar sem a presença do FMI. Essa participação tem estado em causa, dado que em Washington se considera que as metas orçamentais que os parceiros da Grécia lhe estão a exigir são impossíveis de passar à prática, sendo por isso necessário proceder a um alívio muito significativo dos encargos da dívida grega, para que esta se torne sustentável (um condição exigida pelo Fundo para voltar a emprestar dinheiro a qualquer país).

O problema é que esse alívio da dívida implica que haja um perdão por parte dos outros países da zona euro, algo que estes ainda não estão dispostos a aceitar.

O adiamento de uma avaliação positiva no programa grego também apenas é possível porque a Grécia não se encontra numa situação limite no que diz respeito à sua liquidez financeira. Dijsselbloem afirmou que “não há uma necessidade urgente de dinheiro”, algo que apenas se poderá colocar no verão.

Esta conjuntura menos preocupante a nível financeiro foi também sinalizada pelo presidente do Mecanismo de Estabilidade Europeu. Numa entrevista ao jornal alemão Bild, Klaus Regling afirmou que a Grécia provavelmente não irá precisar de todo o empréstimo que está previsto, dado que a execução orçamental no país está a correr melhor do que o previsto.

O problema, do lado grego, é a crescente dificuldade política do governo em aplicar as medidas de austeridade e as reformas que tanto a Comissão como o FMI defendem que são necessárias. Numa visita a Atenas na semana passada, o comissário europeu Pierre Moscovici mostrou sinais de abertura, afirmando que “o povo grego deve conseguir ver a luz ao fundo do túnel da austeridade”, mas de outros pontos da Europa surgiram novos sinais de impaciência em relação à falta de avanços na Grécia.

A reunião do Eurogrupo desta segunda-feira deverá concluir-se ao fim da tarde.

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