Governo vai tentar incluir linha de Cascais no Portugal 2020

Ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, acusou o Governo anterior de não ter previsto financiamento.

Foto
LUSA/MIGUEL A. LOPES

O ministro do Planeamento e Infraestruturas disse nesta quarta-feira que o governo vai tentar arranjar financiamento para a requalificação da Linha de Cascais no âmbito da reprogramação que está a ser feita no Portugal 2020.

Respondendo às perguntas de Pedro Mota Soares, do CDS-PP, que o questionou acerca das soluções do governo para o problema de uma linha que, em 20 anos, perdeu 20 milhões de passageiros, o ministro acusou o Governo anterior de ter “mentido às populações e andado a falar de um projecto e de uma concessão para o qual não havia dinheiro”.

“Não sei quem foi enganado, nem quem pretendem enganar. Mas quando estiveram a distribuir as verbas do Portugal 2020 alocaram zero a este projecto. É preciso ter muita lata para dizer que havia projecto, havia concessão. E dinheiro, onde é que havia?”, questionou.

Pedro Marques recordou que este investimento tem de ser feito com verbas do Fundo de Coesão para a área de Lisboa e Vale do tejo, e que vai tentar resolver esse problema durante a reprogramação das verbas do Portugal 2020.

Pedro Marques também acusou o governo anterior de ter comprometido a solução para os constrangimentos aeroportuários em Lisboa com o modelo de privatização da ANA que foi feito. “Preferiram receber os três mil milhões de euros à cabeça e nem sequer tomaram nenhuma decisão sobre como se responderiam aos problemas de capacidade que já se estavam a adivinhar”, disse Pedro Marques, na Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas, onde esteve a fazer um balanço da sua acção governativa, que vai em 15 meses.

Voltou a defender que a solução de adaptar um aeroporto complementar, na base aérea do Montijo, é a “melhor solução possível”, tendo em conta que é aquela que permite pagar o investimento necessário com as taxas aeroportuária.

Hélder Amaral, do CDS-PP, lembrou que foi o memorando da troika que impôs a privatização do aeroporto. “O seu governo [de José Sócrates] é que cavou o buraco, é que assinou o memorando”, lembrou o deputado. O ministro disse que não estava contra a privatização, mas contra aquilo que “o governo não fez” com o dinheiro dessa privatização.

“Está na altura de arrumar os dissensos e sublinhar os consensos. Fizemos o que tinha de ser feito, e vamos tentar resolver o problema da capacidade. É certo que não é um novo aeroporto, tem uma capacidade limitada. Mas estamos a falar de uma capacidade de 50 milhões de passageiros, e isso já é duplicar a actual”, argumentou o ministro.

Durante a mesma audição, Pedro Marques confirmou a notícia avançada pelo PÚBLICO, de que pretende ver estudada uma solução de mobilidade na ponte Vasco da Gama que permita receber “um metro, um comboio ligeiro, ou seja, a melhor solução ferroviária que tecnicamente possa ser suportada naquela infra-estrutura”.

Pedro Marques disse ainda que a ANA vai agora estudar a solução que defende para acomodar a carga área, um segmento "que está muito longe de ter crescido como cresceu o número de passageiros, mas que é igualmente relevante". "Parece-nos que faz sentido que esta se mantenha no Humberto Delgado [Portela], mas isso vai ser estudado agora".

A questão da carga aérea e dos hangares de manutenção das aeronaves mereceram perguntas de deputados de várias bancadas, com um deputado do PCP a recordar que para a ANA é mais importante ter "espaços para freeshops do que para hangares de manutenção".

Sugerir correcção
Ler 1 comentários