Fundo de pensões de Moçambique injecta 124 milhões e fica com 80% do Moza Banco

Participação do Novo Banco deverá recuar de 49% para 10%. Sociedade Moçambicana de Capitais fica com igual percentagem

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Banco de Moçambique, em conferência de imprensa, anunciou a solução para o Moza Banco Manuel Roberto

A sociedade que gere o fundo de pensões dos trabalhadores do Banco de Moçambique, a Kuhanha, será a nova accionista de controlo do Moza Banco, banco comercial que é hoje detido em 49% pelo português Novo Banco e que foi resgatado em 2016.

De acordo com as agências noticiosas Reuters e AIM (Agência de Informação de Moçambique), a operação, anunciada esta quarta-feira pelo banco central, envolve a injecção de 138 milhões de dólares (123,7 milhões de euros ao câmbio actual) no Moza Banco, que era o quarto maior banco de Moçambique até ser intervencionado por falta de liquidez no terceiro trimestre do ano passado.  

Em troca da recapitalização do Moza, adianta a Reuters, a gestora Kuhanha ficará com 80% do capital do banco privado moçambicano. Os outros dois accionistas actuais, o Novo Banco e a Sociedade Moçambicana de Capitais (que agrupa mais de 400 accionistas individuais) - que têm 51% e 49%, respectivamente - ficarão com 10% cada. António Almeida Matos manterá uma participação de 0,01%.

De acordo com a AIM, a informação foi anunciada hoje, em conferência de imprensa realizada em Maputo, por Alberto Bila, membro da administração do banco central moçambicano. O Banco de Moçambique decidiu em Setembro de 2016, recorda a AIM, intervir no Moza, após uma crise de liquidez e à beira da instituição entrar em incumprimento com os clientes. O regulador moçambicano afastou a anterior direcção e nomeou uma administração provisória, liderada por João de Figueiredo, avança a agência moçambicana.

A missão da administração provisória era garantir a recapitalização do Moza, o que requeria, segundo a AIM, uma injecção mínima de 8,17 mil milhões de meticais (ou cerca de 137 milhões de dólares ao câmbio actual).

A comissão de avaliação do Banco de Moçambique – perante a falta de possibilidade ou vontade dos actuais accionistas, segundo a AIM, de reforçar o capital do Moza – decidiu então receber propostas de outras entidades que estivessem interessadas no banco comercial. Foi assim escolhida, de forma unânime, a proposta da Kuhanha, descreve a agência noticiosa.

Na conferência de imprensa desta quarta-feira, 31 de Maio, Alberto Bila defendeu que a proposta da gestora de fundo de pensões dos trabalhadores do Banco de Moçambique foi aceite pelo próprio, como banco central. A Kuhanha tem agora um mês para concretizar a recapitalização agora anunciada.

Na conferência de imprensa de hoje, nem Alberto Bila, nem João Figueiredo – que continuará à frente do Moza – adiantaram que outras ofertas foram entregues à comissão de avaliação do Moza.

Com a concretização da solução agora anunciada, 90% do Moza será capital moçambicano. “Foi encontrada uma solução moçambicana, que irá trazer valor acrescentado aos accionistas”, afirmou João Figueiredo na conferência de imprensa, citado pela AIM.

Quando foi intervencionado, o Moza rapidamente quota de mercado, resvalando para “a quinta ou sexta posição entre os bancos comerciais” do país desde então, explicou João Figueiredo, apesar de ter sido financiado pelo Banco de Moçambique. O gestor adiantou ainda que além de continuar com falta de capital, o Moza está ainda a recuperar do que descreveu como sendo uma “situação caótica” encontrada numa auditoria em Setembro de 2016.

Por definir, segundo o Banco de Moçambique, fica a questão da manutenção da marca Moza. Mas Alberto Bila avançou à comunicação social em Maputo que essa é matéria para ser decidida em assembleia geral de accionistas. 

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