Espanhóis foram os mais activos no mercado nacional de fusões e aquisições em 2015

Sectores que mais atraem o interesse das empresas estrangeiras são o financeiro e seguros.

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Compra da actividade em Portugal do Barclays pelo Bankinter foi o maior negócio estrangeiro. Mafalda Melo

Em Portugal, o mercado de fusões e aquisições atingiu um pico de quatro anos em 2015, com as empresas espanholas a assumirem o papel de maiores investidores.

Em 2015, este mercado registou um total de 254 transacções que movimentaram ao todo 19,02 mil milhões de euros em Portugal, numa conta que inclui tanto as operações anunciadas como as concluídas. Os dois indicadores aumentaram em relação a 2014, um ano em que se verificaram 231 operações que movimentaram 6,19 mil milhões de euros. O número de transacções é o mais alto dos últimos quatro anos e é preciso recuar a 2012 para que o montante movimentado tenha sido superior.

Os números divulgados nesta quarta-feira no Relatório Anual Ibérico TTR mostram que, em termos de empresas estrangeiras, foram as espanholas as mais activas neste mercado. No total, as empresas do país vizinho investiram 289,64 milhões de euros, uma quantia distribuída por 18 transacções.

De entre estas, dois negócios significam mais de metade do montante total. Destaca-se a compra das operações do Barclays em Portugal pelo Bankinter, num valor aproximado de 100 milhões de euros, e a compra da carteira de seguros e pensões feita Bankinter Seguros Generales, uma joint-centure entre o Bankinter e a Mapfre, no valor de cerca de 75 milhões de euros.

Estados Unidos e França ocupam o segundo lugar na tabela dos países que mais actuaram no mercado português. Os franceses fizeram investimentos no valor de 634 milhões de euros, quase o dobro dos norte-americanos, que movimentaram 338,7 milhões.

No entanto, a análise da TTR não regista operações de compra de activos como imóveis e terrenos, nem as compras de empresas levadas a cabo por um grupo estrangeiro com filial em Portugal, que são consideradas domésticas.

Os sectores que mais atraem o interesse das empresas estrangeiras são o financeiro e seguros (com 11 operações), o imobiliário  (11) e tecnologia (7). Esta tendência pode ser igualmente verificada nas contas em que entram também as aquisições e fusões feitas por empresas nacionais, com imobiliário a registar 34 operações, sector financeiro e seguros 26 e tecnologia 23.

No sentido contrário, Espanha foi também o país onde as empresas portuguesas mais investiram em termos de número de operações, com 8 transacções registadas que atingem 9,5 milhões de euros. Esta quantia é ultrapassada por países como África do Sul ou Brasil, onde o valor gasto nestes negócios chegou a 612,35 e 290 milhões de euros, respectivamente.  

Já em termos de segmentos, em 2015 verificou-se uma alteração da tendência em termos relativos. Em relação aos dois últimos anos, os negócios no segmento alto ganharam relevância comparativamente com os outros, sendo o mercado baixo o que mais perdeu percentualmente no número de transacções. O segmento alto movimentou 15,26 mil milhões de euros em 2015, valor apenas ultrapassado pelos 19,11 mil milhões verificados em 2012.

Em 2015, os fundos de private equity registaram 44 transacções, mais cinco que no ano anterior, mas o valor movimentado ficou-se por 1528 milhões, quando tinham atingido 2476 milhões em 2014.

As operações de venture capital efectuaram o movimento contrária. No ano passado registaram menos cinco transacções que em 2014, mas movimentaram 53 milhões de euros, muito acima dos 20,18 milhões atingidos no ano anterior.  

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