CGTP vai dizer a Olli Rehn que “receita” implementada em Portugal “é desastrosa”

O líder da CGTP, Arménio Carlos, adiantou que quarta-feira vai dizer ao comissário europeu dos Assuntos Económicos, Olli Rehn, que a “receita” para a crise que está a ser implementada em Portugal é “desastrosa”.

“O que lhe vamos transmitir é que a receita que está a ser implementada em Portugal, e que falhou na Grécia, aqui também não está a resultar. Está a ser uma receita desastrosa”, referiu Arménio Carlos.

O sindicalista sublinhou que, fruto dessa receita, em Portugal “está a aumentar de uma forma preocupante a pobreza”, há 400 mil trabalhadores cujo vencimento fica abaixo do limiar da pobreza e há idosos “que não compram medicamentos porque não têm dinheiro para o fazer”.

Para Arménio Carlos, outras das consequências da receita adoptada traduzem-se em “pais que são obrigados a tirar os filhos da escola, porque não têm dinheiro para pagar as propinas”, na ausência de crescimento económico e na revisão da legislação laboral, “aproveitando esta oportunidade da crise para desequilibrar ainda mais as relações do trabalho”.

“Estas políticas não estão a resultar em Portugal, não estão a resultar na Europa. Se verificarmos, de acordo com os dados do Banco Central Europeu, as perspectivas de evolução da economia na Europa, em termos médios, ou são de recessão de 0,5% ou, no máximo, de uma evolução na ordem dos 0,3%”, enfatizou o dirigente sindical.

Lembrou ainda que até “a grande Alemanha” está em estagnação, pelo que toda esta situação da Europa “deve levar a que a Comunidade Europeia, a União Europeia e Conselho Europeu reflictam sobre as políticas que estão a ser desenvolvidas.

“No mínimo, deviam reflectir e ter a humildade e coragem de assumir que estas políticas estão erradas e precisam de ser alteradas”, disse ainda Arménio Carlos.

O comissário europeu dos Assuntos Económicos, Olli Rehn, reúne-se quarta-feira com os parceiros sociais e o presidente do Conselho Económico e Social (CES), Silva Peneda.

A reunião foi organizada pelo CES a pedido da Comissão Europeia (CE).

Inicialmente, estava prevista apenas a participação dos parceiros sociais signatários do ‘Compromisso para a Competitividade, Crescimento e Emprego’, mas posteriormente, a CGTP foi também convocada para o encontro.

Arménio Carlos manifestou-se convicto de que esta inflexão se ficou a dever à denúncia pública feita pela CGTP.

“Excluir a maior organização social portuguesa desta discussão seria uma forma muito especial de conceber a democracia e de a praticar em Portugal. Por muito que o comissário europeu prefira participar em reuniões para ouvir coisas que lhe agradam, tem de ter a humildade e abertura para ouvir a voz do povo e de quem os representa”, acrescentou.

Arménio Carlos falava em Braga, no final de um plenário com os trabalhadores da Bosch, em que foi sublinhada a importância da greve geral marcada para 22 de Março.

“Esta greve geral é muito importante, um momento para salientar que são necessárias outras políticas, acima de tudo que olhem para as pessoas, que criem mais emprego, mais estabilidade e segurança no trabalho e que evitem a saída dos nossos jovens licenciados para o estrangeiro”, afirmou.

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