Caixa deve continuar a ter “controlo público”, defende Presidente da República

Presidente da República apoia Governo na tarefa de defender a CGD “tal como ela é”.

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Marcelo Rebelo de Sousa: "A presença do Presidente da República, quer dizer gratidão por 140 anos de história, esperança em relação a outros 140 - senão mais" Paulo Pimenta

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu neste domingo que a Caixa Geral de Depósitos deve continuar a ser controlada pelo Estado e manifestou apoio ao Governo nesta tarefa.

“Neste domingo a minha presença aqui, a presença do Presidente da República, quer dizer gratidão por 140 anos de história, esperança em relação a outros 140 - senão mais - de futuro e, sobretudo, o apoio ao Governo na tarefa de defender a Caixa tal como ela é: uma instituição nuclear e uma instituição de controlo público do sistema financeiro português", disse Marcelo Rebelo de Sousa, citado pela Lusa, nas comemorações do aniversário da CGD, em Lisboa.

Para Marcelo, "é isso que os portugueses desejam, é isso que eles necessitam, é isso que o Presidente da República com a sua presença hoje aqui veio dizer".

Neste domingo José de Matos, presidente da Caixa admitiu que “os últimos anos foram dos mais duros" do banco e considerou que o "ajustamento difícil" da economia portuguesa "ainda não terminou".

"Os últimos anos foram dos mais duros da longa vida da CGD, num contexto europeu e internacional particularmente desfavorável e com a economia portuguesa a passar por um ajustamento difícil e que ainda não terminou", afirma o presidente da instituição financeira numa declaração escrita enviada à agência Lusa.

"As dificuldades do presente são melhor postas em perspectiva quando olhamos a nossa história. E isso dá-nos confiança para comemorar o dia de hoje como um dia de festa porque celebramos não só o passado e o presente, mas também o futuro", continua José de Matos, sublinhando que "o futuro é a certeza de que a Caixa continuará a cumprir integralmente os seus desígnios, com a responsabilidade de quem sabe o quanto os portugueses gostam e exigem" da instituição.

O presidente do banco público considera que "um banco só chega aos 140 anos quando assenta a sua missão e a sua actividade nos pilares da sustentabilidade, quando privilegia e protege a confiança depositada pelos seus clientes, quando adapta o seu negócio às condições de mercado, quando é sólido em contextos exigentes e quando inova a cada momento, antecipando tendências".

"Somos o banco que criou um grupo financeiro capaz de responder a todas as necessidades financeiras dos clientes e do mercado. Somos o banco que continua a acompanhar as gerações que emigraram, as empresas que exportam e internacionalizam os seus negócios e que, por isso, tem hoje a maior presença internacional do sector financeiro português", escreveu.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) registou prejuízos de 171,5 milhões de euros em 2015, ainda assim menos do que os apurados no ano anterior, que se cifraram em 348 milhões. O activo total atinge agora 100.901 milhões de euros e os depósitos de clientes subiram para 73 mil milhões.

Draghi em Lisboa foi “momento singular e único”

Marcelo Rebelo de Sousa também voltou a justificar a presença do presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, na reunião do Conselho de Estado da última quinta-feira, afirmando que se tratou de “um momento singular e único”.

“É algo que nunca acontece, nem em Portugal nem nos outros países”, frisou. E que, acredita, terá muitas vantagens, pois “foi possível o presidente do BCE contactar directamente com personalidades dos principais quadrantes da vida política portuguesa”, com a consequente troca de informações nos dois sentidos: estas personalidades “puderam conhecer melhor o pensamento do presidente do BCE, que deu um conjunto de informações muito útil para o futuro, e ele ficou a saber o que pensam as instituições portuguesas”, sublinhou.

O Presidente desdramatizou, de forma pedagógica, a presença de uma entidade estrangeira no seu órgão de aconselhamento político, que foi criticada por alguns sectores da esquerda: “A Europa não é uma realidade longínqua, a realidade hoje é que a supervisão do sistema financeiro funciona em primeira linha no BCE, consequência da nossa partilha de soberania, e esse papel é muitíssimo recente. Tudo isso importa a Portugal, faz parte da nossa vida”, sublinhou.

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