Japão quer alargar caça da baleia

Cinco anos depois de retomar a caça comercial à baleia, o Japão propõe alargar a captura das baleias-comuns. Porta-voz do Governo sublinha o papel dos animais na cultura alimentar tradicional do país.

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A proposta surge cinco anos depois de o Japão ter retomado a caça comercial à baleia na sua zona económica exclusiva STRINGER / REUTERS
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A Agência das Pescas do Japão propôs alargar a caça comercial de baleia nas suas águas territoriais às baleias-comuns, uma espécie maior do que as três actualmente permitidas. A proposta surgiu cinco anos depois de o país ter retomado a caça comercial à baleia na sua zona económica exclusiva e ter abandonado a Comissão Baleeira Internacional em 2019.

Com a saída da Comissão Baleeira, o Japão pôs fim a 30 anos daquilo a que designava caça da baleia para fins de investigação, uma actividade sempre criticada pelos conservacionistas como uma forma de encobrir a caça comercial, proibida pela comissão em 1988.

O porta-voz do Governo nipónico, Yoshimasa Hayashi, cujo círculo eleitoral é tradicionalmente conhecido pela caça à baleia, disse na quinta-feira que o executivo apoia a utilização sustentável das baleias como parte da cultura alimentar tradicional do país e planeia promover a indústria.

“As baleias são um recurso alimentar importante e acreditamos que devem ser utilizadas de forma sustentável, como quaisquer outros recursos marinhos, com base em provas científicas. É também importante manter a cultura alimentar tradicional do Japão”, disse Hayashi aos jornalistas.

A Agência das Pescas japonesa informou estar a consultar a população até 5 de Junho sobre o plano proposto, podendo sugerir a sua aprovação na próxima reunião de revisão das leis, em meados de Junho. A população japonesa abandonou em grande parte o hábito de consumir carne de baleia; mas a caça à baleia continua a ser popular, como uma forma de defender uma prática tradicional.

A inclusão das baleias-comuns na lista de capturas permitidas surgiu depois de estudos terem confirmado uma recuperação considerada suficiente daquela população no Pacífico Norte.

No ano passado, os baleeiros japoneses capturaram 294 baleias, menos de 80% da quota e menos do que o número de cetáceos caçados no Antárctico e no Noroeste do Pacífico ao abrigo do programa de investigação.

A caça à baleia do Japão tem sido uma fonte de controvérsia e de ataques por parte de conservacionistas, mas os protestos diminuíram em grande parte depois de o Japão ter terminado as muito criticadas caçadas de investigação na Antárctida em 2019 e ter regressado à caça comercial da baleia limitada às águas japonesas.

O consumo de carne de baleia no Japão foi uma fonte acessível de proteínas durante os anos de subnutrição após a Segunda Guerra Mundial, com um pico de consumo anual de 233 mil toneladas em 1962. No entanto, a baleia foi rapidamente substituída por outras carnes e a oferta caiu para cerca de duas mil toneladas nos últimos anos, de acordo com as estatísticas da Agência das Pescas.

As autoridades japonesas querem aumentar esse número para cerca de cinco mil toneladas, para manter a indústria à tona.

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