EUA prometem à Ucrânia nova remessa de mísseis para o sistema Patriot

Novo pacote inclui munições de artilharia e outro tipo de material de guerra “para eliminar a necessidade de racionamento na linha da frente”, mas deixa de fora novos sistemas Patriot.

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O secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, reforçou a ideia de que a ajuda à Ucrânia é também uma ajuda à Europa e aos EUA JIM LO SCALZO / EPA
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Sob forte pressão de ataques com mísseis e drones russos contra a rede de energia e os caminhos-de-ferro — essenciais para a deslocação do armamento no terreno —, o Exército ucraniano vai poder contar, a médio prazo, com mais munições de artilharia e uma nova remessa de mísseis para o sistema de defesa Patriot.

Segundo o chefe do Estado-maior das Forças Armadas dos Estados Unidos, o general Charles Q. Brown, o novo pacote de assistência à Ucrânia, no valor de seis mil milhões de dólares (5600 milhões de euros) — a maior contribuição individual do país desde o início da invasão russa —, "deve eliminar a necessidade de racionamento de munições na linha da frente".

No entanto, o novo material pode demorar vários meses a chegar ao terreno, já que vai ser adquirido através de um fundo especial de contratos a longo prazo com a indústria militar, um processo mais lento do que o recurso aos stocks existentes nos EUA.

"Vai demorar algum tempo", reconheceu o secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, na sexta-feira, numa reunião do grupo de países que têm ajudado a financiar o esforço de guerra da Ucrânia desde o início da invasão russa, em Fevereiro de 2022. "Até agora, os ucranianos conseguiram resistir; com este movo material, vão poder fazer muito mais."

Apesar da nota de optimismo, numa semana marcada pela aprovação final de um novo pacote de assistência à Ucrânia num valor global de 61 mil milhões de dólares (57 mil milhões de euros), os líderes ucranianos continuam sem obter resposta aos seus pedidos de envio de pelo menos mais sete sistemas de mísseis Patriot — e não apenas de mais mísseis para serem usados nos sistemas que já estão no terreno.

Durante a reunião de sexta-feira, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, voltou a reforçar o pedido de envio de sistemas Patriot — um pedido que tem sido dirigido aos EUA, mas principalmente aos aliados da Ucrânia na Europa.

Numa entrevista à agência de notícias Reuters, no início de Abril, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, disse que os aliados da Ucrânia têm à disposição mais de 100 sistemas Patriot, faltando-lhes vontade política para cederem ao Exército ucraniano pelo menos sete — o número mínimo indispensável para um reforço da protecção do espaço aéreo da Ucrânia, segundo a avaliação de Kiev.

"Os nossos parceiros enviaram-nos outros tipos de sistemas de defesa aérea. Nós agradecemos esse esforço, mas é simplesmente insuficiente, dada a escala da guerra", disse Kuleba à Reuters. Na mesma entrevista, o ministro ucraniano reforçou a ideia, partilhada pelos EUA, de que a Ucrânia é mais do que um território a ser invadido pela Rússia — é, acima de tudo, a primeira linha de defesa contra um avanço da Rússia no resto da Europa.

"É preciso perceber o que está em jogo para a Ucrânia, a Europa e os Estados Unidos", disse o secretário da Defesa dos EUA na sexta-feira, perante representantes de vários países europeus. "Se Putin triunfar na Ucrânia, a Europa irá enfrentar a maior ameaça à sua segurança no nosso tempo de vida. A Rússia não vai parar na Ucrânia."

Ao mesmo tempo, Lloyd Austin desvalorizou os pedidos urgentes da Ucrânia para o envio de pelo menos sete novos sistemas de defesa Patriot, dizendo que "os ucranianos também precisam de outros tipos de sistemas".

"Eu gostaria que não olhássemos para o Patriot como uma bala de prata", disse o responsável dos EUA.

Grécia e Espanha são os mais recentes membros da União Europeia a recusarem, pelo para já, o envio de sistemas Patriot para a Ucrânia.

No caso da Grécia, o primeiro-ministro do país, Kyrios Mitsotakis, disse, numa entrevista ao canal Skai Tv, que os Patriot "são sistemas críticos para a protecção do espaço aéreo grego", numa referência a um potencial reacendimento de conflitos com a vizinha Turquia.

Em Espanha, a ministra da Defesa do país, Margarita Robles, anunciou o envio imediato de mísseis para serem usados no sistema Patriot — quatro, segundo os media espanhóis —, mas não se comprometeu com o envio de sistemas.

Segundo uma estimativa do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS, na sigla em inglês, com sede em Washington D.C.), cada bateria de mísseis Patriot — um sistema com capacidade para 32 ou 128 mísseis, dependendo do tipo de munição — custa mais de mil milhões de dólares, e o custo de cada míssil ronda os quatro milhões de dólares (3,7 milhões de euros).

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