Como o barroco, a obra de Siza é “uma arquitectura sem tempo”

Museu Nacional Soares dos Reis acolhe até final do ano o programa Siza Barroco. Iniciativa da Faculdade de Arquitectura do Porto inclui conferências, um colóquio, uma exposição e um concerto.

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Banco Borges & Irmão em Vila do Conde (1978-1986), projecto de Álvaro Siza Arquivo do Centro Canadiano de Arquitectura, em Montréal
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Começa este sábado com uma conferência de Eduardo Souto de Moura e terminará em Dezembro com a apresentação da peça Magnificat em Talha Dourada (1998), do compositor Eurico Carrapatoso, o vasto programa público que se propõe dar a conhecer o projecto Siza Barroco, um trabalho de investigação que tem vindo a ser realizado nos últimos três anos no Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (CEAU-FAUP).

Souto de Moura vai falar, às 16h, no Museu Nacional de Soares dos Reis (MNSR), sobre A actualidade do barroco, e não deixará certamente de explicitar a relação entre o imaginário desta estética e a obra do seu mestre Álvaro Siza.

Em Dezembro (dia 14, na Igreja dos Clérigos, 21h30), o Grupo Vocal Olisipo e a soprano Angélica Neto irão interpretar a peça que Eurico Carrapatoso compôs em Trás-os-Montes inspirando-se na talha dourada das igrejas portuguesas.

Entre estes dois momentos, a equipa do CEAU-FAUP, liderada pelos arquitectos e investigadores José Miguel Rodrigues e Joana Couceiro, vai mostrar como as ideias do Barroco estão reflectidas na obra de Siza, e como a sua é “uma arquitectura sem tempo”.

“Tratou-se de prosseguir um caminho, um percurso natural, cientes de que a colocação lado a lado da ideia de Barroco e da arquitectura de Álvaro Siza traria ganhos de conhecimento a ambas as partes”, escrevem os curadores na apresentação do programa, realçando que, “se, por um lado, a arquitectura de Siza se compreende melhor à luz do Barroco (ideológico), também o Barroco (cronológico) resulta mais inteligível com a obra de Siza”.

Com sede no MNSR, o programa Siza Barroco inclui ainda, ao longo dos próximos meses, novas conferências, uma exposição e um colóquio. Já em Maio, o primeiro segmento das palestras contará com a participação dos arquitectos espanhóis Ángel Garcia-Posada e Juan José Lahuerta. O primeiro, professor e investigador no Departamento de Projectos Arquitectónicos da ETSA, em Sevilha, dissertará sobre o tema O Projecto Contínuo. Fundos e Figuras (dia 4, 16h); o catalão Lahuerta falará sobre A Arte na Época do Inferno (dia 18, 16h). Em Junho (dia 22, 16h), a filósofa Maria Filomena Molder fará uma conferência ainda sem título anunciado.

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Álvaro Siza NELSON GARRIDO

Em Setembro (dia 28, a partir das 11h), os curadores do programa vão abrir um painel de intervenções que contará com as participações de Ana Tostões e o crítico de arquitectura do PÚBLICO Jorge Figueira, com moderação de Sílvia Ramos.

A encerrar a vertente coloquial do programa, ao longo de todo o dia 7 de Dezembro, vários investigadores do projecto Siza Barroco irão apresentar comunicações decorrentes dos seus trabalhos, unidos pelo tema Betão, Branco, Dourado.

Em paralelo com a segunda parte deste programa, o MNSR acolhe, a partir de 12 de Setembro e até final do ano, a exposição Siza Barroco, que colocará em diálogo a obra de Siza e a de Fernando Távora, autor da modernização e ampliação do museu nacional portuense, com o seu acervo de arte antiga.

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