Espiões alemães detidos por planearem ataques contra bases militares

Os dois homens de dupla nacionalidade alemã e russa são suspeitos de planearem actos de sabotagem que visavam pôr em causa o apoio da Alemanha à Ucrânia. Um deles terá combatido pelos separatistas.

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Procuradores alemães acusam os suspeitos de planearem ataques com explosivos contra instalações militares RONALD WITTEK / EPA
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Dois homens de dupla nacionalidade alemã e russa foram detidos por suspeitas de espionagem a favor da Rússia e de prepararem acções de sabotagem contra instalações militares, revelou esta quinta-feira o Governo alemão.

Os suspeitos, identificados como Dieter S. e Alexander J., foram detidos em Bayreuth, na Baviera, na semana passada, e permanecem em prisão preventiva até irem a julgamento. Segundo os procuradores, os dois estão “sob forte suspeita de terem trabalhado para um serviço secreto estrangeiro, num incidente particularmente grave”.

Dieter S., de 39 anos, é acusado de ter “conspirado para levar a cabo um ataque explosivo e um incêndio” que visava instalações militares. Nas buscas foram encontradas fotografias e vídeos de bases militares alemãs e norte-americanas.

Uma das infra-estruturas visadas era a base dos EUA de Grafenwöhr, na Baviera, de acordo com a revista Der Spiegel. Esta foi uma das bases onde, no ano passado, um grupo de militares ucranianos recebeu treino para tripular os tanques norte-americanos Abrams.

A Alemanha tem sido um dos maiores aliados do esforço de guerra da Ucrânia contra a invasão russa, tendo contribuído com 28 mil milhões de euros desde o início do conflito.

O mesmo homem também terá combatido nas fileiras dos grupos separatistas pró-Moscovo no Donbass, entre 2014 e 2016, segundo os procuradores. A milícia é descrita como uma unidade que, “desde a Primavera de 2014, assumiu o controlo sobre a região administrativa ucraniana de Donetsk com o objectivo de secessão da Ucrânia e protagonizou confrontos intensos com as Forças Armadas ucranianas”.

O outro detido é suspeito de ter ajudado Dieter S. na preparação dos actos de sabotagem e de espionagem ao serviço de um país estrangeiro.

“As nossas forças de segurança impediram possíveis ataques explosivos que tinham como objectivo prejudicar a nossa assistência militar à Ucrânia”, afirmou a ministra do Interior, Nancy Faeser, considerando o caso “particularmente grave”.

O Kremlin, por seu lado, disse desconhecer quaisquer pormenores sobre o caso, mas o Governo alemão convocou o embaixador russo para prestar esclarecimentos, segundo o jornal Bild.

A Alemanha tem sido um alvo frequente de actividades de espionagem russa, sobretudo desde o início da invasão em larga escala. No ano passado, um funcionário de uma agência de fornecimento militar foi preso em Koblenz, por suspeita de passar informações a diplomatas russos no país.

No início deste ano, uma operação conjunta entre as autoridades alemãs e norte-americanas desmantelou uma rede de espionagem informática que procurava obter informações sobre o apoio de Berlim à Ucrânia.

Em Dezembro de 2022, um funcionário do BND, os serviços de informação externa da Alemanha, foi detido sob suspeita de partilhar informações de Estado com Moscovo.

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