Pais de atirador em escola no Michigan condenados a penas entre os 10 e os 15 anos de prisão

Pais de Ethan, adolescente que matou quatro pessoas num tiroteio numa escola em Oxford, foram condenados a até 15 anos de prisão. São os primeiros a serem presos por um tiroteio cometido pelo filho.

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Ethan Crumbley (esq.) foi condenado a prisão perpétua sem hipótese de liberdade condicional. Os pais, Jennifer (centro) e James Crumbley (dir.), ficarão presos pelo menos durante 10 anos Reuters/OAKLAND COUNTY SHERIFF'S OFFICE
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Os pais de Ethan Crumbley, o adolescente que matou quatro pessoas num tiroteio numa escola no estado norte-americano do Michigan, foram condenados esta terça-feira a uma pena de 10 a 15 anos de prisão por homicídio involuntário. O júri considerou, tanto no caso de Jennifer como no de James Crumbley, que nenhum deles fez o suficiente para evitar o ataque perpetrado pelo filho a 30 de Novembro de 2021, quando tinha 15 anos e atirou contra 11 pessoas com uma arma oferecida pelos pais poucos dias antes.

Ambos podem vir a beneficiar de liberdade condicional após os dez anos de prisão, mas se tal não for o caso não podem ficar na cadeia mais de 15 anos. Jennifer e James estão detidos há dois anos, foram julgados em separado — ela em Fevereiro e ele em Março, respectivamente — e tornaram-se nos primeiros progenitores a serem condenados por tiroteios em massa cometidos, na prática, pelos filhos. Numa audiência esta terça-feira ficaram a conhecer as sentenças pedidas pelos procuradores nos memorandos entregues ao tribunal na semana passada: pelo menos 10 anos de prisão, com a pena a poder estender-se até aos 15 anos.

Ambos os pais puderam prestar declarações em tribunal antes de conhecerem essas penas. Jennifer Crumbley, 46 anos, disse que não pretendia pedir perdão aos familiares das vítimas do tiroteio levado a cabo pelo filho Ethan, mas sim "expressar as mais sinceras desculpas pela dor que foi causada". James Crumbley, 47 anos, acrescentou que não conseguiria "exprimir o quanto gostaria de ter sabido o que se estava a passar" com o filho "ou o que ia acontecer": "De certeza que teria feito muitas coisas de forma diferente".

Jennifer e James ofereceram uma arma ao filho, Ethan, quatro dias antes do tiroteio após terem-na comprado nos saldos da Black Friday como prenda de Natal antecipada. O rapaz levou a arma para a escola, a Escola Secundária de Oxford, a 30 de Novembro de 2021 e matou quatro estudantes (Hana St. Juliana, de 14 anos; Tate Myre, de 16; Madisyn Baldwin, de 17; e Justin Shilling, de 17), ferindo outras sete pessoas. Acusado como adulto, Ethan declarou-se culpado de 24 acusações, incluindo uma de terrorismo. Foi condenado em Dezembro a prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional.

No dia do ataque, ainda durante a manhã, o casal foi chamado à escola e aconselhado a encontrar acompanhamento psicológico para o filho num prazo de 48 horas porque Ethan tinha desenhado uma pistola num trabalho escolar e escrito frases como: “Sangue em todo o lado”; “A minha vida é inútil”; “Os pensamentos não param, ajudem-me” — uma série de sinais de alerta que sugeriram que o rapaz tinha pensamentos suicidas ou tendência para ferir terceiros. Dias antes, Ethan já tinha procurado os pais e pediu-lhes que o levassem ao médico porque não se sentia mentalmente bem.

Cheryl Matthews, juíza do Tribunal de Oakland County em Pontiac, Michigan, explicou a sentença ainda antes de a proferir: "Não se espera que os pais sejam adivinhos. Mas estas condenações não se referem a uma má educação dos pais. Estas condenações confirmam actos repetidos ou a falta de actos que poderiam ter travado um comboio desgovernado que se aproximava, ignorando repetidamente coisas que fariam uma pessoa sensata sentir arrepios".

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