Guterres alarmado com invasão da embaixada mexicana em Quito

Também o ministro português dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, condenou a invasão e expressou solidariedade com o México.

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Guterres sublinha a importância da inviolabilidade do solo diplomátic,Guterres sublinha a importância da inviolabilidade do solo diplomátic Reuters/BRENDAN MCDERMID,Reuters/BRENDAN MCDERMID
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Polícia do Equador invadiu embaixada do México na passada sexta-feira EPA/JOSE JACOME
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O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse estar alarmado com a invasão da embaixada do México em Quito pela polícia do Equador, que terminou com a detenção do antigo vice-presidente equatoriano Jorge Glas.

Guterres sublinhou num comunicado a importância da inviolabilidade do solo diplomático e considerou que qualquer violação “comprometeria o prosseguimento de relações internacionais normais”.

De acordo com o porta-voz Stéphane Dujarric, o secretário-geral das Nações Unidas instou o Equador e o México a demonstrarem moderação e a “resolverem as suas diferenças por meios pacíficos”.

Do Governo português, o Ministério dos Negócios Estrangeiros concordou que a invasão "configura um grave precedente", em violação da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas. "Portugal expressa solidariedade com o México, apelando à contenção e ao diálogo", lê-se num breve comunicado do ministério chefiado pelo social-democrata Paulo Rangel.

Na última sexta-feira, um grupo de agentes da polícia do Equador invadiu a embaixada mexicana em Quito, onde estava refugiado Jorge Glas, horas depois de o México ter concedido asilo político ao ex-vice-presidente equatoriano.

Pouco depois, o Governo do Equador confirmou a detenção de Glas, alvo de um mandado de prisão por desvio de fundos públicos, que se tinha refugiado na embaixada mexicana em 17 de Dezembro, numa decisão que agravou ainda mais as tensões entre os dois governos.

A ministra equatoriana dos Negócios Estrangeiros, Gabriela Sommerfeld, disse no sábado que o Equador tinha esgotado o diálogo com o executivo mexicano e que sabia do risco de fuga iminente de Glas.

Após a invasão da embaixada, o Presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, ordenou a suspensão das relações diplomáticas com o Equador, uma medida seguida também por Nicarágua.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros mexicano anunciou no sábado o encerramento da embaixada em Quito por tempo indeterminado, suspendendo os serviços consulares para mais de 1600 mexicanos que vivem no Equador. Em comunicado, a diplomacia informou que poderão receber assistência online ou em embaixadas de outras nações, como Chile, Colômbia e Peru.

Diversos líderes latino-americanos, como os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, Gustavo Petro, da Colômbia, e Gabriel Boric, do Chile, além do Governo da Argentina, já condenaram a invasão.

No sábado, também o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA condenou a invasão e instou os dois aliados de Washington a "resolverem as suas diferenças de acordo com as normas internacionais".

A Presidente das Honduras, Xiomara Castro, que actualmente preside à Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), convocou no sábado uma reunião da troika do organismo para discutir a invasão, a pedido da Colômbia.

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