Mãe que matou recém-nascido na Mealhada condenada a 13 anos e três meses de prisão

O crime ocorreu a 25 de Julho de 2022. A mulher teve o parto em casa e embrulhou o recém-nascido em sacos plásticos, que abandonou num caixote do lixo. Advogado da arguida revela que vão recorrer.

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Ministério Público refere que a arguida tinha intenções de matar o bebé desde o momento em que soube que estava grávida Katrin Bolovtsova/Pexels
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Uma mulher que matou o filho após o parto, abandonando o recém-nascido num contentor do lixo, foi condenada no Tribunal de Aveiro a 13 anos e três meses de prisão. A sentença foi conhecida esta quinta-feira, 4 de Abril.

O crime ocorreu no dia 25 de Julho de 2022, no concelho da Mealhada, em Aveiro. A arguida, de 34 anos, que se encontra em prisão domiciliária, tinha sido condenada a treze anos de prisão, por um crime de homicídio qualificado, e nove meses, por um crime de profanação de cadáver. Agora, em cúmulo jurídico, foi-lhe aplicada a pena única de treze anos e três meses de prisão.

À saída do tribunal, o advogado da arguida, Carlos Santos Silva, anunciou que vai recorrer da decisão, sustentando que a sua cliente devia ser condenada por um crime de infanticídio, tendo em conta o estado mental da pessoa no momento da prática do crime. "A defesa não está satisfeita com a decisão proferida quer na questão da qualificação jurídica, quer quanto à medida da pena. Cabe ao Tribunal a difícil tarefa de julgar. Foi isso que foi feito. Respeitamos a decisão. Não concordamos e vamos recorrer", explicou.

A acusação do Ministério Público (MP) referia que a arguida, assim que soube que estava grávida, planeou matar o bebé, não tendo, por esse motivo, frequentado as consultas de gravidez. Para além disso, não há conhecimento de que a mesma tenha adquirido quaisquer artigos próprios para o seu estado de gravidez e para cuidados com a criança. O MP diz ainda que a mulher escondeu a gravidez do seu namorado, da sua família e das colegas de trabalho. De forma a ocultar o crescimento da barriga, vestia roupas largas.

Acabou por entrar em trabalho de parto na casa de banho da sua casa, depois de ter deixado os seus dois filhos a almoçar em casa da sua mãe. Deu à luz um bebé com 47,5 centímetros de comprimento e com 2,549 quilos, compatível com uma idade gestacional superior a 37 semanas. "A criança nasceu com vida, com ausência de malformações internas ou externas, respirou e chorou", acrescenta o MP.

Após o nascimento do bebé, o MP diz que a arguida cortou o cordão umbilical que a unia ao recém-nascido. De seguida, colocou o bebé no interior de vários sacos plásticos, que depositou num contentor do lixo, próximo da sua residência. Acabou por ir trabalhar, como nada se tivesse passado. Durante a tarde, a mulher sentiu-se mal e foi transportada para o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e posteriormente para a Maternidade Daniel de Matos, também em Coimbra, onde recebeu tratamento médico e hospitalar.

Ainda segundo a acusação, durante o transporte para o hospital, a arguida disse aos bombeiros que a socorreram que tinha sofrido uma "perda sanguínea anómala em face do período menstrual que havia estado ausente", sem referir qualquer ocorrência do parto.

O alerta foi dado às autoridades pelas 18h50 do dia 25 de Julho de 2022. De acordo com a investigação, o recém-nascido permaneceu com vida no contentor do lixo, pelo menos por cerca de quatro horas, acabando por morrer por asfixia.

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