Trump pede a tribunal de recurso que anule a decisão sobre o procuradora da Georgia

Defesa de Trump argumenta que a permanência da procuradora Fani Willis no caso, depois de se conhecer uma relação com o investigador principal, torna qualquer julgamento uma “nulidade”.

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A procuradora Fani Willis ao lado do advogado e investigador principal, Nathan Wade Reuters/ELIJAH NOUVELAGE
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Donald Trump pediu esta sexta-feira a um tribunal de recurso do estado da Georgia a desqualificação da procuradora distrital que o acusou de tentar inverter a sua derrota eleitoral de 2020 no estado por causa de uma relação amorosa que a procuradora teve com o principal investigador do caso.

O processo judicial apresentado pelo candidato presidencial republicano e por oito co-arguidos pede ao tribunal de recurso que anule a decisão deste mês do juiz que permitiu que Fani Willis, a procuradora do distrito de Fulton, continuasse no caso.

O recurso representa mais uma oportunidade para o antigo presidente dos Estados Unidos adiar ou fazer descarrilar um dos quatro processos penais que enfrenta nesta altura.

O juiz do distrito de Fulton responsável pelo processo, Scott McAfee, criticou duramente na sua decisão a relação entre Fani Willis e Nathan Wade, um advogado externo contratado para ajudar a liderar a acusação. Mas rejeitou as alegações da defesa de que o romance representava um conflito de interesses que exigiria que o escritório de Willis fosse retirado do caso.

Wade afastou-se do caso depois de o juiz ter dito que ele teria de se retirar para que Willis e o seu gabinete pudessem continuar, devido a "uma aparência de impropriedade".

O advogado de defesa de Trump, Steve Sadow, disse em comunicado esta sexta-feira que McAfee deveria ter rejeitado de imediato a acusação contra o seu cliente e, "no mínimo", ter desqualificado Willis e o seu gabinete de estarem envolvidos no caso.

Num documento apresentado ao tribunal, Christopher Anulewicz, um advogado que representa o co-arguido Robert Cheeley, argumentou que o não afastamento de Willis e do seu gabinete deveria ser revertido, uma vez que manter a procuradora "tornaria uma nulidade todo e qualquer julgamento neste caso".

O tribunal de recurso tem 45 dias para decidir se aceita o pedido de Donald Trump. Scott McAfee deu permissão a Trump e aos outros arguidos para recorrerem imediatamente da sua decisão, mas disse que continuaria o julgamento do antigo Presidente norte-americano durante o recurso.

Caso o tribunal aceite o recurso, Trump poderá procurar suspender o processo enquanto decorrer a acção. Ainda não foi marcada uma data para o julgamento do candidato republicano.

A decisão de McAfee foi tomada após um período tumultuoso para Fani Willis. Os advogados de alguns dos 15 arguidos no processo das eleições de 2020, incluindo Trump, afirmaram que o namoro de Willis e Wade tinha começado há mais tempo, e que foi essa relação que levou a procuradora a contratar o advogado para o processo, durante o qual recebeu mais de 600 mil dólares (550 mil euros).

Segundo os advogados, Nathan Wade usou parte desse dinheiro para pagar viagens de lazer com Fani Willis, o que constituiria um conflito de interesses. Durante o inquérito, Willis garantiu que reembolsou Wade de todas as despesas decorrentes de viagens turísticas.

Os advogados de Trump também acusaram Fani Willis de "alimentar a discriminação racial" na sua resposta às alegações e de induzir o tribunal em erro quanto à data de início da relação amorosa.

A procuradora do distrito de Fulton tem descrito a tentativa de desqualificação como um esforço da defesa para desviar a atenção da extorsão e de outras acusações contra Donald Trump e 14 arguidos que são acusados de conspirar para anular a derrota de Trump na Geórgia nas eleições de 2020. Quatro outros arguidos no caso declararam-se culpados em acordos com os procuradores.

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