Juiz da Georgia mantém procuradora na liderança da acusação contra Trump

Após um inquérito sobre uma queixa de conflito de interesses, a procuradora Fani Willis vai poder permanecer no caso, se o advogado Nathan Wade — ex-namorado de Willis — se afastar do processo.

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A procuradora Fani Willis ao lado do advogado e investigador principal, Nathan Wade Reuters/Elijah Nouvelage
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A procuradora norte-americana Fanni Willis, do estado da Georgia, que lidera a acusação de conspiração para subverter os resultados eleitorais de 2020 em que Donald Trump é um dos arguidos, vai poder manter-se no caso, decidiu esta sexta-feira o juiz responsável pelo processo.

O futuro deste processo-crime contra Trump — um dos quatro em que o ex-presidente dos EUA é arguido — estava dependente da decisão do juiz. Há dois meses, Willis foi acusada por um dos arguidos no processo de não ter condições para se manter na liderança da acusação, por ter mantido uma relação amorosa com o principal investigador do caso, o advogado Nathan Wade.

Willis e Wade, que só admitiram a existência dessa relação duas semanas depois da acusação inicial, foram alvo de um inquérito liderado pelo juiz responsável pelo processo, Scott McAfee, durante o qual afirmaram que o namoro entre ambos só começou depois da contratação do advogado como investigador principal.

Os advogados de alguns dos 15 arguidos, incluindo Trump, afirmaram que o namoro de Willis e Wade tinha começado há mais tempo, e que foi essa relação que levou a procuradora a contratar o advogado para o processo, durante o qual recebeu mais de 600 mil dólares (550 mil euros).

Segundo os advogados, Wade usou parte desse dinheiro para pagar viagens de lazer com Willis, o que constituiria um conflito de interesses. Durante o inquérito, Willis garantiu que reembolsou Wade de todas as despesas decorrentes de viagens turísticas.

Na decisão desta sexta-feira, o juiz disse que um dos dois — ou Willis, ou Wade — terá de se afastar do processo, devido a uma "aparência de impropriedade".

A procuradora "demonstrou uma enorme falta de discernimento", mas não ficou provado que tivesse beneficiado financeiramente dos salários pagos a Wade, disse o juiz.

É quase certo que será o advogado a afastar-se, já que uma saída da procuradora iria provocar vários meses de atraso no processo, que seria depois liderado por alguém que não esteve a par das investigações desde o início, em 2021.

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