Programa de redução de abandono no ensino superior atribuiu 10 milhões este ano

Nas duas fases do programa foram financiadas 42 instituições do ensino superior, num total de 10,3 milhões de euros.

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Entre as licenciaturas, a percentagem dos que saíram do sistema durante o primeiro ano foi de 10,8% no ano lectivo de 2020/21 Manuel Roberto (arquivo)
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O Programa de Promoção de Sucesso e Redução de Abandono no Ensino Superior atribuiu, este ano, 10 milhões de euros (ME) para reduzir o abandono no ensino superior, revelou esta segunda-feira o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

Na primeira fase do programa, financiado pelo Programa Operacional Capital Humano para instituições das regiões de convergência, foram financiadas 24 instituições de ensino superior, num montante total de 6,6 milhões de euros.

Já a segunda fase do programa, destinada a projectos de instituições das regiões de Lisboa, Algarve, Açores e Madeira com base em dotações do Orçamento do Estado, financiou candidaturas de mais 20 instituições de ensino superior públicas e privadas, num montante global de 3,7 milhões de euros.

Segundo o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, estão ainda previstos mais 20 milhões de euros para financiar o Programa de Promoção de Sucesso e Redução de Abandono no Ensino Superior no contexto de Impulso + Digital, financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Quatro destes 20 milhões de euros são para a concepção ou aquisição de sistemas informáticos de predicção de abandono escolar.

Os alunos que abandonaram os estudos um ano após terem iniciado um curso no ensino superior aumentaram em 2020/2021, segundo dados da Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), que apontam para um crescimento de quase dois pontos percentuais nas licenciaturas e de 5,7 nos cursos técnicos superiores profissionais.

No ano lectivo de 2020/2021, quase um em cada quatro estudantes (24,4%) que tinham ingressado num curso técnico superior profissional (CTeSP) já não se encontrava no sistema de ensino superior nacional um ano após ter iniciado o curso. No ano anterior, a percentagem era de 18,7%, ou seja, 5,7 pontos percentuais abaixo.

Entre as licenciaturas, a percentagem dos que saíram do sistema durante o primeiro ano foi de 10,8%, quando no ano anterior tinha sido de 9,1%. Nos mestrados de 2.º ciclo a percentagem de desistência aumentou 0,2 pontos percentuais, atingindo os 16,2% no passado ano lectivo.

Na sessão de abertura do III Seminário "Sucesso académico e prevenção do abandono no ensino superior", que decorre esta segunda-feira em Coimbra, o secretário de Estado do Ensino Superior, Pedro Nuno Teixeira, destacou tudo o que tem vindo a ser feito com estes programas de promoção de sucesso e redução de abandono no ensino superior, admitindo, no enquanto, que "há também muito para fazer".

"Estes programas não podem ser um instrumento de auto-satisfação de quem tem responsabilidades no ensino. Estes programas têm de ser algo que conseguimos enraizar nos nossos docentes, estudantes e técnicos, para que mudem significativamente, transformem as instituições e o que fazemos, do ponto de vista do ensino", indicou.

Ao longo da sua intervenção, o governante frisou ainda a importância de se institucionalizarem este tipo de programas e orientações nas instituições de ensino superior. "É muito importante que o que estamos a fazer não dependa do professor A ou B ou deste ou daquele reitor. É muito importante que o que estamos a fazer possa perdurar para além de mandatos ou de funções desempenhadas transitoriamente", referiu.

Pedro Nuno Teixeira defendeu ainda que as instituições de ensino superior português devem dar, nesta década, um salto em termos de ensino, semelhante ao que foi dado na investigação. "Há vários anos que estou convencido que o grande salto que temos de dar no ensino superior, nesta década, é exactamente em termos de ensino. Exactamente como o que fizemos em termos de investigação, nas décadas anteriores", sustentou.

No seu entender, é necessário renovar a importância da missão do ensino nas instituições de ensino superior, com o ensino centrado nos estudantes. "Um ensino que não coloque os estudantes no centro, que não os implique e responsabilize, é um ensino que necessariamente vai perdendo relevância e importância", concluiu.

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