China quer microprocessadores americanos fora dos computadores do Estado

Directivas lançadas pelas autoridades chinesas forçam a substituição progressiva dos computadores com processadores Intel e AMD, noticia o Financial Times

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China tenta limitar a utilização dos microprocessadores Intel Reuters/Nathan Frandino
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Em mais um episódio do acentuar das tensões políticas e económicas entre as duas maiores potências mundiais, as autoridades chinesas decidiram avançar para a eliminação progressiva do uso pelos organismos do Estado de computadores e servidores que usem microprocessadores das empresas norte-americanas Intel e AMD.

A notícia é avançada este domingo pelo jornal britânico Financial Times, que adianta que estão a ser postas em prática desde o início do ano novas directivas, estabelecidas pelos ministérios das Finanças e da Indústria e tecnologia, que forçam todos os organismos públicos acima do nível municipal a, de forma progressiva, passarem a utilizar equipamentos apenas com processadores considerados “seguros e confiáveis”.

A lista de fornecedores de processadores “seguros e confiáveis” é formada unicamente por dezoito empresas chinesas, incluindo a Huawei ou a Phytium. Para empresas norte-americanas como a Intel ou a AMD, passar a constar desta lista revela-se muito difícil, uma vez que para o fazer seria necessário revelar às autoridades chinesas informação completa sobre a investigação e a tecnologia que está por trás dos processadores.

Para além dos processadores, as directivas apontam também para a substituição progressiva do sistema operativo Windows, da Microsoft, por soluções de software também com origem na China.

As medidas adoptadas por Pequim constituem uma resposta à política proteccionista seguida também pelos Estados Unidos relativamente à tecnologia chinesa. Tendo como argumento as questões de segurança interna, Washington está a subsidiar a indústria doméstica de processadores, a dificultar a entrada de produtos vindos da China, sancionar diversas empresas chinesas e a bloquear exportações de componentes para a China.

O conflito no que diz respeito à utilização de lado a lado de tecnologia proveniente do rival acontece num clima de tensão crescente, quer a nível militar, por causa da questão de Taiwan, quer a nível comercial.

Para a China, cuja economia ainda está fortemente dependente do sucesso das exportações de bens para a Europa e os Estados Unidos, uma escalada das tensões, com uma fragmentação da economia mundial, constitui um risco sério à sua capacidade de continuar a crescer.

É por isso que, para a China, se torna cada vez mais essencial reduzir a dependência da sua economia face ao exterior. Este domingo, numa conferência realizada em Pequim, a directora geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) defendeu que a China, para manter um ritmo de crescimento elevado, precisa de realizar reformas que, para além de minorar os impactos da actual crise no sector do imobiliário, conduzam a um aumento dos rendimentos das famílias e do consumo privado.

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