Costa diz que é preciso recordar resistência à ditadura para manter democracia

O ainda primeiro-ministro defendeu que o país deve aos capitães de Abril “que os valores da liberdade e da democracia não se tenham perdido”.

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António Costa visitou obras do Museu Nacional de Resistência e Liberdade LUSA/Paulo Cunha
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O primeiro-ministro cessante, António Costa, disse neste domingo, em visita às obras do Museu da Resistência e da Liberdade em Peniche, que é preciso preservar a memória do combate à ditadura para fazer perdurar a democracia.

O Museu Nacional de Resistência e da Liberdade, no distrito de Leiria, "é um legado muito importante de todos aqueles que resistiram, todos aqueles que lutaram, e eu diria que é a última etapa da luta pela resistência e pela liberdade que é deixarem este seu testemunho de vida, este seu testemunho de dor e este seu testemunho sobre o que foi a ditadura às gerações que nos hão-de suceder e que nunca poderão esquecer para nunca poderem voltar a viver", declarou António Costa.

No ano das comemorações dos 50 anos da liberdade e da democracia em Portugal, e num dos últimos actos enquanto primeiro-ministro, Costa sublinhou, ladeado pelos antigos presos políticos Fernando Rosas e Domingos Abrantes, que "convém não esquecer os 48 anos de ditadura que antecederam estes 50 anos de democracia e recordar aqueles que foram decisivos".

Costa lembrou os "capitães de Abril" e os resistentes antifascistas entre 1926 e 1974, que "mantiveram viva a ideia da liberdade e a aspiração democrática". A estes "devemos que os valores da liberdade e da democracia não se tenham perdido na história e tenham sido transportados para o futuro", frisou.

A um mês da inauguração do museu, António Costa recordou o movimento que levou o seu governo, em 2017, a abandonar a ideia de concessionar a Fortaleza de Peniche a privados para fins turísticos e a avançar com obras de valorização do espaço para vir a albergar o Museu da Resistência e da Liberdade, "espaço de recordação e de memória sobre o combate à resistência".

António Costa recusou responder a outras questões dos jornalistas.

Em Fevereiro de 2022, a Fortaleza de Peniche encerrou para obras destinadas à instalação do museu, um investimento de 4,3 milhões de euros, comparticipados por fundos comunitários.

Em Abril de 2017, o governo aprovou um plano de recuperação da Fortaleza de Peniche para instalar o museu na antiga prisão da ditadura do Estado Novo, destinada a presos políticos.

Em Setembro de 2016, a Fortaleza de Peniche foi integrada pelo governo na lista de monumentos históricos a concessionar a privados, no âmbito do programa Revive, mas passados dois meses foi retirada, pela polémica suscitada, levando a Assembleia da República a defender a sua requalificação, em alternativa.

A fortaleza, classificada como Monumento Nacional desde 1938, foi uma das prisões do Estado Novo, de onde se conseguiu evadir, entre outros, o histórico secretário-geral do PCP Álvaro Cunhal, em 1960, protagonizando um dos episódios mais marcantes do combate ao regime ditatorial.

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