Daesh reivindica ataque a sala de espectáculos em Moscovo. Há mais de uma centena de mortos

Pelo menos 115 pessoas morreram e mais de 120 ficaram feridas num ataque armado na capital russa. Daesh reivindicou a autoria da acção. Foram detidos 11 suspeitos.

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Crocus City Hall este sábado ao início da manhã Reuters/Yulia Morozova
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Crocus City Hall este sábado ao início da manhã EPA/RUSSIAN EMERGENCIES MINISTRY / HANDOUT
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Crocus City Hall este sábado ao início da manhã EPA/MAXIM SHIPENKOV
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Crocus City Hall este sábado ao início da manhã EPA/MAXIM SHIPENKOV
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Crocus City Hall este sábado ao início da manhã EPA/MAXIM SHIPENKOV
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Chamas consomem o Crocus City Hall, a sala de espectáculos moscovita alvo de ataque EPA/VASILY PRUDNIKOV
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Chamas consomem o Crocus City Hall, a sala de espectáculos moscovita alvo de ataque REUTERS/Maxim Shemetov
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Mais de 6000 pessoas estariam no recinto REUTERS/Maxim Shemetov
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Bombeiros combatem as chamas REUTERS/Maxim Shemetov
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Pelo menos 70 ambulâncias foram mobilizadas para o local, tal como unidades especiais da polícia REUTERS/Maxim Shemetov
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Chamas consomem o Crocus City Hall, a sala de espectáculos moscovita alvo de ataque Reuters/Stringer
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Homens armados, vestidos com camuflados, atacaram nesta sexta-feira uma sala de espectáculos na periferia de Moscovo, na Rússia. Segundo as autoridades russas, pelo menos 115 pessoas — incluindo três crianças — terão morrido no Crocus City Hall em Krasnogorsk, a noroeste da capital, e mais de 120 ficaram feridas, algumas em estado grave. Mais de 6000 pessoas estariam no recinto, onde a popular banda russa Picnic tinha concerto marcado para esta noite.

Através da plataforma de mensagens Telegram, o Daesh terá reivindicado a autoria do ataque. "Combatentes do Estado Islâmico [Daesh] atacaram um grande ajuntamento de cristãos em Krasnogorsk, nos arredores de Moscovo, matando e ferindo centenas e causando grande destruição no local, antes de retirarem para as suas bases em segurança", lê-se numa mensagem citada pela imprensa internacional. Os atacantes terão escapado do local, admitem as autoridades russas.

O ataque ocorreu cerca das 20h locais (17h em Portugal continental). Vídeos divulgados nas redes sociais e retransmitidos pelo canal televisivo russo RT mostram pelo menos três homens armados a avançar pela plateia do recinto e a disparar contra os espectadores. Terão sido detonados explosivos que originaram um incêndio de grandes dimensões.

Muitos dos espectadores abrigaram-se no chão, entre as cadeiras, durante longos minutos até escaparem em segurança. Uma centena de pessoas conseguiu refugiar-se numa cave, sendo mais tarde resgatada pelas autoridades. A operação foi dificultada pelas chamas que consumiam o edifício. O Crocus City Hall faz parte de um complexo mais vasto, a Crocus City, que inclui um centro comercial.

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O presidente da Câmara Municipal de Moscovo, Sergei Sobyanin, fala numa "grande tragédia". Todos os eventos públicos de grande dimensão programados para este fim-de-semana no país foram cancelados.

Já na manhã deste sábado as autoridades fizeram saber que foram detidos 11 suspeitos de envolvimento no ataque, de acordo com a agência oficial de notícias russa TASS.

Ucrânia negou envolvimento

Horas antes da aparente reivindicação do ataque pelo Daesh, e num contexto de guerra entre a Rússia e a vizinha Ucrânia, de Kiev surgiu uma rejeição categórica de qualquer participação no atentado. "Sejamos claros, a Ucrânia não tem absolutamente nada a ver com estes acontecimentos", frisou o assessor presidencial ucraniano Mykhailo Podolyak. Outros grupos armados pró-ucranianos, incluindo a Legião Rússia Livre, activa em território russo, também negaram envolvimento no ataque.

Em Washington, o Departamento de Estado norte-americano confirmou cedo que a sua embaixada em Moscovo estava ao corrente "de um incidente terrorista em curso". A representação diplomática na capital russa apelou aos cidadãos americanos para evitarem a zona e para seguirem as instruções das autoridades locais. Os Estados Unidos condenaram o ataque. "As imagens são simplesmente horríveis e difíceis de ver e os nossos pensamentos vão estar obviamente com as vítimas deste terrível, terrível ataque a tiro", disse o porta-voz da Casa Branca, John Kirby.

Uniram-se também na condenação do atentado a Comissão Europeia, Portugal, França, Alemanha, Reino Unido, Brasil e outras nações. Através de um porta-voz, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apresentou "profundas condolências" à Federação Russa. O Conselho de Segurança da ONU condenou igualmente o "acto hediondo".

EUA tinham alertado para possível atentado

A 7 de Março, uma nota da embaixada dos Estados Unidos na Rússia apelava aos cidadãos norte-americanos para evitarem ajuntamentos na capital russa, alertando para a possibilidade de um ataque terrorista. “A embaixada está a monitorizar relatos de que extremistas têm planos iminentes de atingir grandes ajuntamentos em Moscovo, como concertos, e os cidadãos dos EUA devem evitar grandes multidões nas próximas 48 horas”, lia-se então.

O alerta tinha sido emitido no mesmo dia da intercepção, pelas autoridades russa, de elementos de uma célula do Daesh que estaria a preparar um ataque contra uma sinagoga em Moscovo. Os suspeitos foram mortos numa troca de tiros com agentes do FSB russo na cidade de Kaluga, a sudoeste da capital, e foi encontrado armamento presumivelmente pertencente ao grupo.

A CNN noticia agora que os serviços de inteligência norte-americanos teriam desde Novembro informação "razoavelmente específica" sobre a intenção do Daesh (e concretamente da filial Khorasan, activa no Médio Oriente, Irão, Paquistão, Afeganistão e Ásia Central) em atacar a Rússia. Washington terá partilhado esses dados com Moscovo, afirma a estação de televisão norte-americana. De resto, há muito que o país se encontrava na mira do grupo, sobretudo após a participação das forças russas na guerra civil síria, ao lado do regime de Bashar al-Assad.

Ao New York Times, as autoridades norte-americanas reiteravam que o alerta de 7 de Março não se referia a uma eventual acção ucraniana. Ainda de acordo com o mesmo jornal, Washington expressa agora preocupação perante um possível aproveitamento da tragédia por parte do Presidente russo, Vladimir Putin, no contexto do conflito ucraniano.

De resto, Dmitri Medvedev, ex-chefe de Estado e actual vice-chairman do Conselho de Segurança russo, já apelou a uma forte retaliação caso se descubra uma ligação entre Kiev e o atentado: "Todos terão de ser encontrados e destruídos sem misericórdia como os terroristas que são. Incluindo os responsáveis do Estado que cometeu esta atrocidade." Citada pela RIA Novosti, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, questionou "com que base as autoridades de Washington chegam a qualquer conclusão" sobre o não envolvimento de Kiev no ataque em Moscovo.

De Putin, para já, silêncio. O Kremlin informou que o Presidente russo está a acompanhar os acontecimentos e a dar "as instruções necessárias", mas até ao final da noite de sexta-feira não houve qualquer declaração pública do chefe de Estado sobre a tragédia do Crocus City Hall.

A Federação Russa é palco de atentados terroristas há várias décadas, com um longo historial de ataques atribuídos pelas autoridades de Moscovo a separatistas do Cáucaso (sobretudo chechenos) e a grupos ligados ao extremismo islâmico internacional - entre estes, o Daesh. A crise de reféns no Teatro Dubrovka, em 2002, e o ataque à escola de Beslan, em 2004, dois casos cuja gestão pelas forças de segurança foi fortemente criticada, foram os incidentes mais mortíferos nessa longa lista a que se junta, agora, o massacre de Krasnogorsk. com agências

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