A estabilidade é responsabilidade de todos

Os orçamentos do Estado chumbam-se ou aprovam-se no concreto e não no abstracto.

Ouça este artigo
00:00
02:26

O PS escolheu a oposição. Na noite eleitoral fez uma leitura global e adequada dos resultados eleitorais. A alternância é a forma natural de oxigenar o sistema democrático e pluralista. E a democracia deve garantir no seu seio a existência de forças de governo e de forças de oposição. No futuro a política tem de recuperar rapidamente a capacidade de diálogo entre os agentes políticos.

A táctica de trincheiras não é benéfica para o país. E mais importante do que a táctica política, a estabilidade é um factor essencial para o crescimento de Portugal. Por isso, não faz sentido de reunir já um conjunto de sentidos de voto antecipados para cada proposta de Orçamento do Estado.

A oposição deve criticar e contrapor as opções de fundo que não sejam as melhores para o futuro do país, mas não deve impedir uma profunda discussão dos orçamentos em especialidade, no Parlamento, apresentando e votando as alterações que sejam conformes aos seus princípios e programas eleitorais e, sobretudo, as que acorrerem às necessidades do país. Só depois de percorrido este caminho, em cada orçamento, deve definir um sentido de voto, com fundamentos claros e bem explicados aos portugueses.

Os orçamentos do Estado chumbam-se ou aprovam-se no concreto e não no abstracto.

Todo processo parlamentar deve ser orientado à valorização do diálogo, da moderação e dos consensos, à construção de soluções, mesmo que o sejam caso a caso, retirando margem à gritaria, à demagogia do populismo que só pretende destruir. As pessoas querem que os países funcionem, mesmo que as lideranças tenham um discurso diferente daquele que parecem querer ouvir.

Não haja dúvidas de que as contas certas foram uma herança estrutural dos últimos oito anos de governo do PS. Não só com a existência de uma almofada de liquidez confortável, como a diminuição da dívida pública e o respectivo serviço da dívida no futuro, como o equilíbrio do superavit duas vezes repetido. Ora, a autonomia estratégica que esta realidade trouxe ao país (vide a evolução das notações dadas pelas agências de rating) é uma orientação que tem de prosseguir nos próximos orçamentos. Seja quem for que esteja a governar, é um desígnio que deve envolver as oposições, nomeadamente o Partido Socialista.

O próximo ano, 2025, será um ano de eleições autárquicas. Historicamente são anos de pressão orçamental vinda dos municípios, com a natural maior execução de investimentos em curso ou já decidimos. Não é um ano para imprudências ou para descarrilamentos orçamentais.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários