Morreu aos 100 anos o inventor do karaoke, Shigeichi Negishi

A primeira máquina a permitir aquilo que hoje conhecemos, afinal, como karaoke, foi ligada em 1967, em Tóquio, no Japão.

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Shigeichi Negishi inventou a primeira máquina de karaoke em 1967 Matt Alt/Twitter
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Em 1967, Shigeichi Negishi criou a primeira máquina de karaoke ​e deu o primeiro passo para que hoje qualquer pessoa possa cantar, desafinar e, mesmo assim, ser aplaudido por amigos e desconhecidos numa saída à noite. Morreu aos 100 anos, em Janeiro, mas o falecimento só agora foi comunicado pela família.

"Karaoke" nasceu da junção das palavras japonesas para "vazia" (kara) e "orquestra" (okesutora). Não sendo possível um artista reunir uma orquestra para um concerto, cantava acompanhado por uma gravação. Era isso o karaoke.

Foi esse o nome inicialmente proposto por Negishi para a máquina criada, mas viu a ideia recusada pelo parceiro de distribuição. A palavra era demasiado parecida a kanoke, japonês para "caixão", argumentou. Acabou por se chamar Sparko Box, mas foi também conhecida como Music Box, Night Stereo, Mini Jukebox.

A primeira máquina a permitir aquilo que hoje conhecemos, afinal, como karaoke, foi ligada em 1967, em Tóquio, no Japão. Terá sido a paixão pela música e o gozo de cantar que despertou a criatividade de Shigeichi Negishi, então com 43 anos.

Negishi geria a sua própria empresa, do sector eléctrico e electrónico, quando imaginou o que viria a ser a Sparko Box. Foi uma "epifania", depois de um colega o ter ouvido cantar e lhe ter dito que não tinha talento. À desvalorização da crítica, seguiu-se a hipótese: "E se conseguisse ouvir a minha voz sobre uma música de fundo?".

Numa das primeiras experiências, ligou, com a ajuda de um dos trabalhadores da empresa, um altifalante, um leitor de cassetes e um microfone. Testou, então, o protótipo com a versão instrumental da música japonesa da década de 1930 Mujo no Yume (numa tradução livre: "Um Sonho Cruel"), uma gravação de um programa de rádio nacional cujo título era auto-explicativo: "Músicas Pop sem Letra".

Depois levou-o para casa e deu a primeira festa de karaoke de sempre, para a sua mulher e os três filhos, conta o jornalista Matt Alt no livro Pure Invention: How Japan Made the Modern World ("Pura Invenção: Como o Japão Criou o Mundo Moderno").

Nos oito anos seguintes, vendeu perto de 8000 das suas Sparko Box, máquinas cúbicas de cor bege, com espaços para cassetes no topo e uma ranhura onde entravam as moedas que punham a música a tocar. Numa das faces do cubo, um pequeno espectáculo de luzes acompanhava o ritmo das canções.

Shigeichi Negishi desistiu do negócio em 1975, "cansado de conflitos com os músicos e das vendas porta-a-porta". Vendeu, nesses oito anos, cerca de 8000 máquinas Sparko Box por todo o Japão, mas não chegou a patentear a invenção.

A criação da máquina de karaoke continua a ser erradamente atribuída ao músico japonês Daisuke Inoue, que lançou em 1971, quatro anos depois de Negishi, a 8 Juke, semelhante à Sparko Box.

Os filhos e netos de Negishi mantêm ao seu cuidado a única Sparko Box ainda funcional.

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