Embaixador dos EUA deixa aviso a Orbán devido aos laços com a Rússia

A Hungria é um aliado “que se comporta de forma diferente de todos os outros”, criticou o enviado dos EUA à Hungria.

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Donald Trump e Viktor Orbán juntos na Casa Branca, em 2019 Reuters/Carlos Barria
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Os aliados da NATO estão a alertar a Hungria para os perigos da sua relação "próxima e em expansão" com a Rússia. Se esta for a opção política de Budapeste, "teremos de decidir qual a melhor forma de proteger os nossos interesses de segurança", afirmou nesta quinta-feira o embaixador dos EUA na Hungria.

As relações entre Budapeste e Washington azedaram devido ao atraso da Hungria na ratificação da adesão da Suécia à NATO — finalmente aprovada por Budapeste no mês passado e também devido aos laços do primeiro-ministro Viktor Orbán com Moscovo, apesar da invasão russa da Ucrânia.

"Estas preocupações legítimas de segurança partilhadas pelos 31 aliados da Hungria não podem ser ignoradas", afirmou o embaixador dos EUA, David Pressman, num discurso que assinalou o 25.º aniversário da adesão da Hungria à aliança militar da NATO.

Pressman disse que a Hungria é um aliado "que se comporta de forma diferente de todos os outros".

"Este discurso é sobre um governo que rotula e trata os Estados Unidos como um 'adversário', ao mesmo tempo que faz escolhas políticas que o isolam cada vez mais dos seus amigos e aliados. Este discurso é sobre um amigo e aliado de longa data que diz e faz coisas que minam a confiança e a amizade", afirmou.

As tensões entre o governo de Orbán e a Administração do Presidente Joe Biden agravaram-se nas últimas semanas, depois de Orbán ter apoiado abertamente a candidatura do republicano Donald Trump à presidência dos EUA, após se ter encontrado com Trump na Florida. Orbán elogiou Trump como sendo o único candidato presidencial dos EUA que poderia pôr fim à guerra na Ucrânia cortando a ajuda militar a Kiev.

Budapeste opõe-se à invasão russa da Ucrânia, mas Orbán recusou-se a enviar armas para Kiev e criticou repetidamente as sanções da UE contra a Rússia. O seu governo tem mantido relações estreitas com Moscovo, em parte devido à dependência energética da Hungria em relação à Rússia.

Pressman disse ainda que a Hungria está a apelar abertamente aos EUA e a outros aliados para que cortem o apoio militar à Ucrânia, de forma a forçar um cessar-fogo imediato e negociações de paz. "Os Estados Unidos também querem a paz. Queremos que esta guerra termine. Mas a proposta húngara não é realista", concluiu.

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