O gelo fino que pisará Montenegro

O PS sustentará sempre que um orçamento viabilizado pelo Chega – quaisquer que sejam as circunstâncias em que isso aconteça – será sempre a prova cabal de que Montenegro traiu os portugueses.

Ouça este artigo
00:00
06:14

1. Comecemos por um paradoxo que não é irrelevante e é fonte de esperança para o que se seguirá: a noite teve apenas dois vencedores, mas estes representam vontades do eleitorado radicalmente opostas. À esquerda, uma parte dos desencantados com o PS terá optado por encontrar refúgio na alternativa ponderada de um Livre europeísta, comprometido com o regime e disponível para fazer pontes, ao invés de aderir ao azedume radical do Bloco (que, espantosamente, não recupera do desastre de 2022) ou ao imobilismo dogmático do PCP (cujo ocaso parece cada vez mais inevitável). À direita, e esse é obviamente o grande facto da noite, o desencanto desaguou, pelo contrário, na adesão maciça ao radicalismo boçal de um Chega que se revelou uma máquina assustadoramente mais eficaz a ler o pulsar da sociedade e a federar descontentamentos do que os grandes partidos tradicionais do regime.

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.
Sugerir correcção
Ler 23 comentários