Um estorvo: cidade e cidadãos sacrificados ao metrobus do Porto

Que direito tem a Metro do Porto ou a câmara de desfigurar por completo a cidade, em nome de um disparate?

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Nelson Garrido
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É absolutamente revoltante e aviltante a forma como a Metro e a Câmara do Porto, à revelia de qualquer necessidade e da vontade dos munícipes, resolveram impor-nos um ridículo autocarro a que saloiamente chamam "metrobus", sem se importarem com isso de desfigurar por completo a cidade e de tornar o trânsito insuportável, apenas para justificar uns fundos do PRR! Uma exorbitância gasta numa inutilidade que ninguém pediu e que não faz falta nenhuma!

Qual é a necessidade de um metrobus para servir uma zona de gente rica? Onde estão os estudos que justifiquem isto? Que necessidade há de se fazer Rotunda da Boavista-Praça Império em 12 minutos como dizem os “iluminados” que o defendem? E para esta “necessidade” inexistente, dá-se estatuto de “ambulância” ao metrobus, mutila-se a cidade e engarrafa-se o restante trânsito todo? E que direito tem a Metro ou Câmara do Porto de desfigurar por completo a cidade (sobretudo tratando-se de duas zonas nobres), em nome de um disparate? Inclusive atrevendo-se a mudar esculturas de sítio, pondo uma avenida aos "ésses", alargando desmesuradamente passeios para peões inexistentes, eliminando prepotentemente 300 lugares de estacionamento (prejudicando com isso o comércio local), cortando quase todos os cruzamentos de transversais-chave que servem enormes zonas residenciais (provocando enormes constrangimentos), estragando amorosos jardins com calçada portuguesa e substituindo-os por inconcebíveis desertos de cimento (Pinheiro Manso), esbanjando dinheiro com guias novas de granito nos passeios e no aberrante e medonho separador central do metrobus…?

E tudo isto para quê? Isto vai resolver ou agravar os problemas de mobilidade da cidade? E junto à Casa da Música, como vão fazer? Vão outra vez tapar os acessos ao parque de estacionamento? E as pessoas que têm forçosamente que se deslocar de carro e que pagam combustíveis, impostos e taxas elevadíssimos para o fazer, não têm direitos? Este infernizar propositado da vida dos automobilistas é uma tentativa de os forçar a usar esta inutilidade, para justificar os milhões gastos! O carro em Portugal é uma questão cultural profundamente enraizada, que deriva de anos e anos duma péssima rede de transportes, e não é a "martelo", nem à força, que se mudam mentalidades, muito menos quando a "solução" oferecida não é uma solução, mas antes um imenso estorvo!

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