Os elefantes podem morrer mais cedo por causa das alterações climáticas, diz estudo

As temperaturas mais elevadas e a diminuição da precipitação aumentam o stress dos elefantes com mais de 40 anos, reduzindo a quantidade de alimento disponível e forçando migrações.

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Elefantes resgatados no Quénia alimentam-se de folhas Daniel Irungu/REUTERS/ARQUIVO
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Além dos efeitos no planeta, os efeitos das alterações climáticas podem também levar à morte prematura de elefantes africanos mais velhos, segundo um estudo publicado recentemente na revista Plos Sustainability and Transformation.

"[As populações] dos elefantes em África estão a diminuir de forma acentuada devido à perda de habitat e aos conflitos entre humanos e vida selvagem, com estes problemas a piorarem com as alterações climáticas", lê-se no estudo. Assim sendo, os investigadores decidiram perceber de que forma é que a idade dos elefantes entra nesta equação de declínio.

As temperaturas mais elevadas e a diminuição da precipitação aumentam o stress dos elefantes com mais de 40 anos, reduzindo a quantidade de alimento disponível e provocando migrações, segundo um estudo com modelos baseados em 50 anos de dados na região da Grande Virunga, na África Oriental. Estes riscos vêm juntar-se à ameaça da caça furtiva e ao aumento dos conflitos com os seres humanos, à medida que os seus habitats diminuem.

A morte dos elefantes mais velhos, que podem viver entre os 60 e os 70 anos, reduz o número de animais reprodutores e enfraquece a base genética das manadas, afirmam os autores do estudo, onde se inclui Simon Nampindo, da Wildlife Conservation Society. As mortes também privam os paquidermes mais jovens da orientação dos animais mais velhos e mais sábios, o que leva a um comportamento errático, afirmaram.

"As alterações climáticas afectarão a qualidade e as condições do habitat adequado para os elefantes", afirmou Nampindo. Isso diminuirá "os recursos alimentares disponíveis para os elefantes, levando-os a percorrer distâncias maiores em busca de comida e água", acrescentou.

O estudo é aplicável a toda a África, onde vivem cerca de 415.000 destes animais. O Botswana e o Zimbabwe possuem as maiores populações do mundo, de acordo com Timothy Randhir, da Universidade de Massachusetts, que também participou no estudo.

Uma seca no final do ano passado, associada ao fenómeno meteorológico El Niño, forçou uma grande migração de animais selvagens do maior parque nacional do Zimbabwe. Cerca de 200 elefantes morreram devido à escassez de água, resultado das temperaturas elevadas, informou a autoridade nacional responsável pela vida selvagem. O El Niño provocou um clima mais seco na África Austral.

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