Haley derrota Trump nas primárias republicanas de Washington D.C.

Primeira vitória da antiga embaixadora dos EUA na ONU nas eleições internas do Partido Republicano não belisca favoritismo do ex-Presidente na corrida à Casa Branca.

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Nikki Haley tem resistido a abandonar a corrida, criticando quem defende uma “eleição ao estilo soviético” no Partido Republicano Reuters/Brian Snyder
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Nikki Haley venceu as primárias do Partido Republicano no distrito da capital dos Estados Unidos, Washington D.C., impondo a primeira derrota a Donald Trump desde o início da competição interna republicana tendo em vista a candidatura à eleição presidencial, que se realiza em Novembro. A antiga embaixadora dos EUA nas Nações Unidas e ex-governadora da Carolina do Sul recolheu 62,9% dos votos, ao passo que o ex-Presidente norte-americano se ficou pelos 33,2%.

“Não é surpreendente que os republicanos mais próximos da disfunção de Washington estejam a rejeitar Donald Trump e todo o seu caos”, reagiu Olivia Perez-Cubas, porta-voz da campanha de Haley, num comunicado citado pela Reuters.

Apesar de simbólica – não só é o primeiro triunfo de Haley nas nove votações internas já realizadas, mas também, segundo a equipa de campanha da candidata, é a primeira vez que uma mulher vence uma eleição primária do Partido Republicano –, esta vitória não belisca nem um pouco o favoritismo do ex-chefe de Estado que, no sábado, venceu as votações no Michigan, no Missuri e no Idaho, na corrida à Casa Branca.

O distrito de Colúmbia é um círculo eleitoral bastante pequeno, em comparação com a dimensão do eleitorado e da militância republicana nos 50 estados do país, e uma vitória ali equivale “apenas” a 19 delegados dos 1215 necessários para escolher o candidato presidencial do partido, na convenção republicana, agendada para Julho.

Por outro lado, o facto de se tratar da cidade onde estão sediadas as instituições federais do país e onde reside ou trabalha grande parte da elite urbana, intelectual e política norte-americana entra que nem uma luva na narrativa populista de Trump, que trata Washington D.C. como um “pântano” inacessível ao cidadão comum e desligado da realidade, mesmo sendo ali que o Partido Republicano tem criado mais problemas políticos à Administração Biden, nomeadamente no Congresso.

Nesse sentido, tal como nas primárias republicanas de 2016, em que o ex-Presidente perdeu para o senador Marc Rubio no distrito da capital, a equipa de Trump está a tratar a derrota em Washington como uma medalha para se levar ao peito.

“Ao mesmo tempo que está a ser firmemente rejeitada no resto da América, Nikki acaba de ser coroada ‘rainha do pântano’ pelos lobistas e privilegiados de D.C. que querem proteger o nosso statu quo fracassado”, zombou Karoline Leavitt, porta-voz da equipa de Donald Trump, citada pelo Washington Post.

“Mantive-me propositadamente longe da votação de D.C. porque é o “Pântano”, tem muito poucos delegados e nenhuma vantagem”, escreveu, na mesma linha, o ex-Presidente na Truth Social, a sua rede social.

Certo é que a própria Nikki Haley também parece ter plena consciência daquilo que vale (ou não vale) o distrito de Colúmbia, uma vez que optou por estar em campanha no estado no Maine, em vez de ficar em Washington a comemorar a sua primeira vitória.

O Maine é um dos 15 estados do país que realizam eleições primárias na terça-feira. Com 874 delegados republicanos em jogo, a chamada “Super Tuesday” é tradicionalmente um momento em que o candidato amplamente favorito confirma esse mesmo favoritismo e, através de uma soma de bons resultados, força aqueles que ainda estão na corrida a desistirem oficialmente.

Haley tem estado determinada a não conceder uma vitória imediata a Trump, criticando os que antevêem uma “eleição ao estilo soviético com um só candidato”.

Segundo as sondagens, Trump é o favorito em todos os estados (Alabama, Alasca, Arcansas, Califórnia, Colorado, Maine, Massachusetts, Minnesota, Carolina do Norte, Oklahoma, Tennessee, Texas, Utah, Vermont e Virgínia) e espera acabar a noite eleitoral com motivos para se poder focar finalmente em Novembro, em Joe Biden (provável adversário) e, mesmo que não o queira, nos vários processos judiciais em que está envolvido, incluindo uma acusação de tentativa de reversão dos resultados da eleição presidencial de 2020.

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