Palcos da semana: Gente, Girafas, poesia e revolução

Nancy Vieira apresenta o novo álbum, os Artistas Unidos regressam a Pau Miró, a Seiva Trupe passa uma Noite de Solidão no Capim, nasce uma nova mostra de cinema e volta à cena a Poética da Palavra.

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Nancy Vieira apresenta Gente no Dia Internacional da Mulher Augusto Brázio
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O Que Podem as Palavras? é um dos filmes exibidos na primeira Mostra Internacional de Cinema da Amadora DR
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A Seiva Trupe estreia Noite de Solidão no Capim Andre DELHAYE
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Girafas, de Pau Miró, pelos Artistas Unidos Jorge Gonçalves
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Eu Sou Lorca fecha a sexta edição do Poética da Palavra - Encontros de Teatro José Caldeira
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Nancy Vieira com nova Gente

Há um mês, veio o “funamba” (misto de funaná e samba) de Sol di nha vida. Agora, está aí Singa, “um presente generoso do Remna”. São canções de Nancy Vieira, a preparar o terreno para Gente. O novo álbum, vindo cinco anos depois de Manhã Florida, tem edição marcada para 15 de Março e traz movimentos musicais que vão muito para além da herança cabo-verdiana.

Aqui, “encontra-se também aquele mundo que só existe nas ruas de Lisboa e onde se escutam as nuances do Brasil, ecos de tantas outras Áfricas e de muitas Europas e Américas”, detalha a nota de imprensa. “Há morna e samba, fado e funaná, sofisticação com tons de jazz e aventura de espírito pop. Há Gente. Há vida. Este é um álbum feito agora a pensar no amanhã”.

Para o apresentar ao vivo, a cantora elege o Dia Internacional da Mulher. E chama à festa Acácia Maior, Amélia Muge, Fogo Fogo, Mário Lúcio, Martín Sued, Paulo Flores e Remna como convidados especiais.

Por Abril, de câmara na mão

Ao embalo do cinquentenário do 25 de Abril, nasce um novo festival: a Mostra Internacional de Cinema da Amadora. A edição de estreia guia-se por Cinema e Revolução - Uma Ideia na Cabeça e Uma Câmara na Mão, tema pedido de empréstimo ao cineasta brasileiro Glauber Rocha. Em nome da liberdade (e com entrada livre), é projectada uma selecção de filmes em que a memória e o presente se cruzam, seja em ficção ou documentário, longas ou curtas.

Entre eles estão os rostos de presos políticos da ditadura, reunidos por Susana Sousa Dias em 48 (na abertura); O Fim do Mundo segundo Basil da Cunha, com o bairro da Reboleira como cenário; as “três Marias” retratadas n’O Que Podem as Palavras?, de Luísa Sequeira e Luísa Marinho; Belarmino, de Fernando Lopes, obra-chave do cinema novo português; e Na Parede da Memória - Elis Regina, de Elizabete Martins Campos.

A oferta passa também por workshops, masterclasses, conversas, videoclipes escolhidos por Nuno Calado, uma secção programada pela Escola Superior de Teatro e Cinema e um cineconcerto em que Sérgio Costa dá música às sombras d’As Aventuras do Príncipe Achmed, de Lotte Reiniger.

A solidão antes da revolução

A Seiva Trupe também recua aos tempos revolucionários, mas para propor “uma abordagem sem complexos à Guerra Colonial” e seus absurdos. Numa Noite de Solidão no Capim, algures em África, dois militares encontram-se, sem imaginarem a notícia que chegará de Lisboa no dia seguinte, 25 de Abril de 1974.

Supostamente, são inimigos. Hão-de defrontar-se e recear-se. Mas, por força das circunstâncias, também hão-de dialogar, empatizar e até abraçar-se ou mais, numa situação em que “cervejas, cigarros e memórias aliviam a tensão”, explica a folha de sala, e há “suspense e dúvida até ao fim.”

Escrita e encenada por Castro Guedes, interpretada por Óscar Branco e Fernando André, e musicada por Fuse, a peça estreia-se na nova casa da companhia portuense. Depois, entra em digressão nacional: Santa Maria da Feira (19 de Abril), Freamunde (26 e 27 de Abril), Caldas da Rainha (17 e 18 de Maio) e Vila Praia de Âncora (28 de Setembro).

A fuga das Girafas

Uma mulher que deseja tanto um filho como a libertação na forma de uma máquina de lavar roupa. O vendedor do electrodoméstico que personifica essa hipótese. O homem que preferia manter o controlo da esposa. O irmão que deixou de falar. O hóspede que à noite é drag e sonha com Paris. São estas as Girafas de Pau Miró, instaladas na Barcelona dos anos 1950 e entaladas numa “necessidade de evasão perante o ar bafiento da ditadura”, assinala Nuno Gonçalo Rodrigues.

É ele quem encena a “fábula contemporânea esvaziada de moralismos” que os Artistas Unidos se preparam para estrear. A companhia não só retorna à obra do dramaturgo catalão (também autor de Jogadores ou Sorriso de Elefante), como há-de completar o seu tríptico familiar-zoológico com Búfalos e Leões, ainda este ano. Eduarda Arriaga, Gonçalo Norton, João Vicente, Pedro Caeiro e Vicente Wallenstein assumem as personagens.

Teatro, poesia e novos capítulos

Famalicão envereda pela Poética da Palavra - Encontros de Teatro, naquela que é já a sexta edição (ou melhor, o Capítulo 6) do festival focado “no texto, na palavra, na voz e no trabalho dos actores e actrizes enquanto elementos fundamentais da acção teatral”.

Livrar-me faz subir a cortina com uma peça de e sobre mulheres, no exacto dia delas, com texto de Ana Lázaro, música de Luísa Sobral e interpretação e co-criação de Sandra Barata Belo e Raquel Oliveira. Terminará no Dia Mundial do Teatro com Eu Sou Lorca, pela companhia Momento - Artistas Independentes. Esta é uma das três estreias absolutas em cartaz. As outras são Prometeu, do Ensemble - Sociedade de Actores, e Não Sei Como Dizer-te Que a Minha Voz Te Procura, com dramaturgia e encenação de Emília Silvestre.

Também há lugar para música d’Os Poetas ao serviço de Cesariny, para o Guião Para Um País Possível de Sara Barros Leitão e para o monólogo que junta Eduarda Freitas e Ángel Fragua em 22 Beijos. O programa fica completo com quatro mesas-redondas e conversas pós-espectáculos entre os artistas e o seu público.

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