Vítimas mortais do incêndio em Valência viviam todas nos pisos superiores

Grande parte dos 400 moradores não estavam em casa na altura em que o incêndio começou. Empresa que vai investigar o acidente espera ter conclusões nos próximos dias.

Espanha
Fotogaleria
Incêndio em complexo habitacional de Valência fez dez mortos Reuters/EVA MANEZ
destaque,valencia,incendios,mundo,espanha,europa,
Fotogaleria
O complexo fica localizado numa nova área residencial de Valência que foi desenvolvida nas últimas duas décadas EPA/Ana Escobar
destaque,valencia,incendios,mundo,espanha,europa,
Fotogaleria
Casal e dois filhos menores estão entre os dez mortos do incêncio EPA/Manuel Bruque
destaque,valencia,incendios,mundo,espanha,europa,
Fotogaleria
O processo de investigação das causas e consequências foi considerado secreto durante um mês EPA/Manuel Bruque
destaque,valencia,incendios,mundo,espanha,europa,
Fotogaleria
grande parte dos 400 moradores não estavam em casa na altura em que o incêndio começou Reuters/EVA MANEZ
Ouça este artigo
00:00
03:04

As dez pessoas que morreram no incêndio que devastou na quinta-feira um complexo habitacional em Valência viviam todas no oitavo e nono andares, os pisos mais altos do edifício. O incêndio terá começado no sétimo andar por motivos ainda desconhecidos, por volta das 17h37 e espalhou-se rapidamente para outros andares. Em menos de meia hora, o incêndio já consumia o lado esquerdo do edifício e, pelas 18h22, tinha-se espalhado para o segundo prédio.

Segundo conta o El País, o oitavo e nono andares transformam-se num "ratoeira, presa entre a voracidade das chamas e o fumo sufocante que, em poucos minutos, invadiu os dois blocos de 14 e 10 andares onde estavam distribuídas as 138 habitações. Neste sábado, foi localizado o décimo corpo, permitindo às autoridades fechar a lista de desaparecidos.

Felizmente, a grande parte dos 400 moradores não estavam em casa na altura em que o incêndio começou e outros perceberam o que estava a acontecer a tempo e conseguiram sair do edifício. Uma das pessoas que teve de ser resgatada pelos bombeiros foi uma cidadã portuguesa que, juntamente com o namorado ficou presa na varanda do seu apartamento.

O complexo fica localizado numa nova área residencial de Valência que foi desenvolvida nas últimas duas décadas. Era composto por dois edifícios, um de 14 e outro de dez andares, ligados por um elevador panorâmico e com uma piscina aberta no terraço. Os dois andares inferiores eram ocupados por lojas. As obras foram concluídas em 2008.

Segundo refere o jornal espanhol, o projecto cumpriu as normas de protecção contra incêndios de 1996, mas as regras actualmente em vigor foram actualizadas depois dessa data. Na cidade espanhola, os moradores do edifício Navis, um dos arranha-céus mais exclusivos de Valência que foi construído em 2009 pela mesma empresa das torres Campanar, temem agora que não seja seguro ali morar.

"Morar em cima de uma fogueira"

Ouvido pelo jornal regional Las Provincias, Miguel García, um dos moradores, refere que o sistema de prevenção do edifício tem alguns problemas e que há várias obras de remodelação a ocorrer nesta altura. "Ficamos com medo, não sabemos se é tudo feito com os mesmos materiais e se estamos a morar em cima de uma fogueira", referiu.

Entretanto, a empresa local Synthesis Investigación de Siniestros pretende determinar dentro de alguns dias a origem e causa do incêndio que custou a vida a dez pessoas e aguarda apenas que o tribunal autorize a entrada no edifício, disse à agência de notícias EFE o seu director técnico, Félix César Alonso.

Esta empresa dedica-se há 27 anos à investigação da origem de incêndios, como o que destruiu a Torre Windsor em Madrid, em 2005, ou o das duas discotecas de Múrcia onde morreram 13 pessoas em Outubro passado. No caso de Valência, uma das seguradoras para as quais esta empresa trabalha contratou os serviços logo na noite de quinta-feira.

O processo de investigação das causas e consequências foi considerado secreto durante um mês a pedido do Corpo Nacional de Polícia para "garantir a boa conclusão das investigações destinadas ao esclarecimento dos factos, bem como na preservação da privacidade das vítimas e dos seus familiares", segundo um comunicado do Tribunal Superior da Comunidade Valenciana.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários