Putin diz que a Rússia modernizou 95% das suas armas nucleares

Na véspera do aniversário da invasão da Ucrânia, Presidente russo dedicou discurso de celebração das Forças Armadas aos feitos alcançados pelo indústria militar do país.

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Putin (à direita) prestou homenagem aos soldados que deram a vida pelo país, em Moscovo, no Dia do Defensor da Pátria EPA/SERGEI SAVOSTYANOV / SPUTNIK / KREMLIN POOL
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O Presidente da Federação Russa afirmou esta sexta-feira que 95% das forças nucleares estratégicas do país foram modernizadas. Vladimir Putin falou sobre os últimos desenvolvimentos e feitos alcançados pela indústria militar russa num discurso dedicado às celebrações do Dia do Defensor da Pátria, uma data que comemora os veteranos e os soldados das Forças Armadas da Rússia – e, antes dela, da União Soviética – que deram a vida a defender a nação.

O discurso, gravado previamente e transmitido esta sexta-feira pelo Kremlin, é difundido na véspera do segundo aniversário da invasão da Ucrânia pela Rússia, conflito que o Governo russo continua a descrever como uma “operação militar especial”.

“Hoje, a percentagem de armas e de equipamento moderno das forças nucleares estratégicas [da Rússia] já atingiu os 95%, enquanto a componente naval da tríade nuclear [capacidades nucleares terrestres, marítimas e aéreas] está quase nos 100%”, afiançou o Presidente russo.

“Incorporando a nossa experiência real de combate, iremos continuar a fortalecer as Forças Armadas de todas as formas possíveis, incluindo com os esforços em curso de reequipamento e de modernização”, assegurou, citado pela Reuters.

Segundo a agência noticiosa, Putin disse ainda que a Rússia deu início à produção em série dos seus mais recentes mísseis hipersónicos Zircon; que a Marinha recebeu novos submarinos estratégicos; e que a Força Aérea tinha acabado de juntar às suas fileiras quatro bombardeiros Tu-160M.

Trata-se de aviões de guerra que, segundo Moscovo, têm capacidade para transportar 12 mísseis nucleares de curto alcance ou 12 mísseis de cruzeiro, e que podem percorrer cerca de 12 mil quilómetros sem pararem para abastecer. O próprio Putin voou, na véspera, num destes aviões, tendo descrito a experiência como um “evento único”.

“O próximo passo é o desenvolvimento e a produção em série de modelos promissores para a introdução de tecnologias de inteligência artificial na esfera militar”, acrescentou o chefe de Estado russo.

Esta sexta-feira, a par da transmissão do discurso, foram divulgadas imagens de Putin a depositar uma coroa de flores no túmulo do Soldado Desconhecido junto ao Kremlin, num gesto de homenagem aos militares mortos em combate.

Com mais de 6300 armas nucleares, a Rússia possui o maior arsenal nuclear do mundo, seguida pelos EUA, com cerca de 5800 armas. As revelações do Presidente sobre a modernização das forças nucleares russas surgem poucos dias depois de o Governo do Reino Unido ter realizado o segundo teste fracassado consecutivo com um míssil do programa nuclear britânico Trident.

O falhanço do lançamento do projéctil, no final de Janeiro, somado ao ensaio de 2016, levou a oposição política britânica e vários analistas e especialistas em segurança e defesa a levantarem dúvidas sobre a verdadeira capacidade dissuasora nuclear do Reino Unido.

O Ministério da Defesa britânico assegurou, no entanto, que “a dissuasão nuclear do Reino Unido permanece segura, salvaguardada e eficaz” e que o Trident é o “sistema de armas mais fiável do mundo”.

Certo é que, citando o aumento das “ameaças nucleares” da Federação Russa após a invasão da Ucrânia e o alargamento da NATO (primeiro com a adesão da Finlândia e, nos próximos dias, espera-se, com a adesão da Suécia), os Estados Unidos vão voltar a estacionar ogivas nucleares na RAF Lakenheath, a sua base militar no Sudeste de Inglaterra, o mesmo local onde esteve posicionado armamento norte-americano daquele tipo durante a Guerra Fria.

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