Ataques de Israel fazem mortos na Síria e no Líbano

Media atribuem ataque a Israel. Não era claro o alvo dos vários mísseis que atingiram uma zona com edifícios residenciais, escolas e centros culturais iranianos.

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Edifício residencial atingido na zona de Kafr Sousa FIRAS MAKDESI/Reuters
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Um ataque com vários mísseis atingiu nesta quarta-feira uma zona de alta segurança da capital da Síria, Damasco, em que se concentram edifícios residenciais, escolas e centros culturais iranianos.

A zona de Kafr Sousa já tinha sido atingida em Fevereiro de 2023, quando um ataque israelita matou dois peritos militares iranianos, e antes, em 2008, num ataque que matou o comandante do movimento libanês Hezbollah, apoiado pelo Irão, Imad Moughniyeh.

Então, como agora, Israel não fez qualquer comentário – é muito raro o Estado hebraico assumir autoria de acções específicas, embora como regra geral admita atacar alvos ligados a forças iranianas ou do Hezbollah na Síria.

A Reuters cita testemunhas dizendo que ouviram várias explosões de seguida, assustando crianças que estavam numa escola perto, seguindo-se o som de sirenes de ambulâncias dirigindo-se ao local.

A agência de notícias do regime de Bashar al-Assad, Sana, publicou uma imagem de uma lateral do edifício de vários andares atingido, dizendo que se tratava de um edifício residencial, culpando Israel pelo ataque, sem mencionar mortos.

Rami Abdurrahman, do Observatório Sírio de Direitos Humanos, organização ligada à oposição com sede em Londres, disse que o ataque foi um "assassínio". Não era claro qual teria sido o alvo.

O Irão foi, tal como a Rússia, um grande apoiante do regime de Assad, o que leva a ataques periódicos de Israel para impedir que o seu inimigo ganhe posições demasiado perto do seu território, que acontecem na maior parte das vezes em zonas dos subúrbios da capital síria (raras vezes atingindo zonas civis).

Israel tem vindo a aumentar o alcance dos seus ataques contra o Irão, com alvos normalmente ligados ao seu programa nuclear, e militares, tanto fora do país, como na Síria, como no seu interior.

Na semana passada, duas explosões em duas condutas de distribuição de gás no Irão foram vistas como tendo sido actos de sabotagem de Israel, segundo o diário norte-americano The New York Times.

O regime atribuiu então o ataque a um “inimigo”, sem especificar qual, mas nesta quarta-feira, o ministro do Petróleo do Irão, Javad Owji, imputou directamente responsabilidades a Israel, segundo a agência semioficial Tasnim.

O ataque foi visto como uma escalada do conflito entre Israel e o Irão, e sobretudo um aviso da parte do Estado hebraico à República Islâmica sobre a grande capacidade de causar danos no interior do seu território (e do seu grau de informação sobre o interior do país).

A natureza do alvo também foi diferente, não se tratando de uma instalação militar ou nuclear, mas sim uma parte da infra-estrutura de energia que distribui gás por grandes centros populacionais e também fábricas.

Já em Dezembro, um grupo de sabotagem informática levou a cabo um ataque que causou perturbações em pelo menos 70% das bombas de gasolina iranianas.

Dois mortos no Líbano

Ainda nesta quarta-feira, também segundo a Reuters, um ataque levado a cabo por Israel matou uma mulher e uma criança, dias depois de o Hezbollah ter afirmado que iria castigar Israel pela morte de civis no conflito que se desenrola do outro lado da fronteira israelo-libanesa.

A mulher e a criança foram mortas num ataque perto de Majdal Zoun, uma aldeia situada a cerca de seis quilómetros da fronteira, segundo duas fontes de segurança e uma fonte médica. O pai da menina de seis anos, que morreu no ataque, disse que ela tinha pedido para visitar a sua aldeia, da qual tinham fugido após o início das hostilidades no ano passado, em declarações ao jornal jornal al-Akhbar.

O movimento Hezbollah, apoiado pelo Irão, está envolvido em confrontos com Israel desde o ataque do Hamas a 7 de Outubro. O movimento, apoiado pelo Irão, diz ter como objectivo apoiar os palestinianos na Faixa de Gaza.

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