Palcos da semana: cravos, amor e flamenco em drag

Um Take para festejar a Instável, um musical com Deslandes e Tinoco, As Criadas do Chapitô e a música de Às Vezes o Amor, numa semana para dar ¡Viva! à liberdade.

,Flamenco
Fotogaleria
¡Viva!, um espectáculo de flamenco queer Marcos G. Punto
musical,lazer,teatro,culturaipsilon,danca,musica,
Fotogaleria
Bárbara Tinoco e Carolina Deslandes estão juntas n'A Madrugada Que Eu Esperava DR
musical,lazer,teatro,culturaipsilon,danca,musica,
Fotogaleria
Inspirada por Genet, a Companhia do Chapitô estreia As Criadas DR
musical,lazer,teatro,culturaipsilon,danca,musica,
Fotogaleria
Rui Veloso encabeça o cartaz do festival Montepio Às Vezes o Amor, que visita 15 cidades DR
musical,lazer,teatro,culturaipsilon,danca,musica,
Fotogaleria
Take vai ao Rivoli abrir o 25.º aniversário da Companhia Instável Cati Cardoso
Ouça este artigo
00:00
04:00

Flamenco noutros papéis

O The Guardian chamou-lhe “poderoso” e enalteceu-lhe o “grande sentido de comunidade”. O The New York Times descreveu-o como “tão surpreendente quanto revigorante”. O El País garantiu que “não se ouviam aplausos assim há anos, em performances de dança em Espanha”.

Que espectáculo é esse que tem sido tão transformador? ¡Viva!, a peça de flamenco queer da Compañía Manuel Liñán. O bailarino e coreógrafo, já conhecido por quebrar cânones, junta-se a seis outros bailaores para dançar a tradição em drag, rompendo papéis de género num “grito pela liberdade de transformação” que, salientam, “nem sempre implica uma forma de mascarar, mas sim uma nudez, uma revelação”.

Amor na resistência

Olívia resiste à ditadura de punho cerrado. Francisco é um subversivo tímido, que prefere a comédia. Os seus caminhos cruzam-se num grupo de teatro amador que ensaia Romeu e Julieta. E assim se gera a história passada n’A Madrugada Que Eu Esperava, um musical cheio de amor, ideais e cravos no horizonte.

Transporta-nos para a Lisboa de 1971, quando faltava um punhado de anos para a liberdade e mais uns quantos para nascerem as cantoras-compositoras-tornadas-actrizes que dão vida ao espectáculo: Carolina Deslandes e Bárbara Tinoco.

A música é delas, em mais um reflexo da comunhão já manifestada, por exemplo, no concerto conjunto que deram no último Nos Alive. Ao longo da temporada, vão alternando no papel de Olívia – a outra fica com o de Clara, a irmã – enquanto contracenam com Diogo Branco, como Francisco.

A encenação é de Ricardo da Rocha. Quanto ao texto, vem assinado por Hugo Gonçalves, que co-escreveu séries como Até Que a Vida nos Separe ou Rabo de Peixe e que ainda no ano passado lançou mais um livro, Revolução.

Instável, Take 25

Take é um espectáculo de São Castro e António M. Cabrita que toma o som como “ferramenta narrativa, evocando histórias, reforçando contextos e activando perspectivas de observação”, explicam. É uma coreografia emoldurada pelo cinema e estruturada em takes (daí o título) para dar conta do “peso, movimento e força” dessa energia que vai muito “para além da sua dimensão auditiva”.

Estreado em Ourém, em Outubro passado, foi criado pela dupla de coreógrafos para a Companhia Instável. Agora, vai ao Rivoli para uma ocasião especial: o 25.º aniversário do grupo. É o primeiro momento do programa de festas que a Instável prepara para o próximo ano.

Quanto a Take, seguirá do Porto para Aveiro (Teatro Aveirense, 8 de Março), Guimarães (Centro Cultural Vila Flor, 27 de Abril) e Covilhã (Teatro Municipal, 30 de Novembro).

Criadas num labirinto

As Criadas de Jean Genet numa “comédia labiríntica e sombria inspirada no universo asfixiante” do autor francês. É assim que a Companhia do Chapitô se refere à peça que se prepara para estrear, correspondente à sua 41.ª criação. Neste tratado dramatúrgico sobre relações de poder e tentativas de fuga à insignificância, duas criadas apropriam-se dos bens da patroa quando ela está fora, ao mesmo tempo lhe ensaiam a morte.

O Chapitô procura explorar “um humor desconcertante nesta espécie de tragédia existencial” que decorre “num universo de desconexão absurda” em que os intérpretes “tentam uma ilusão impossível na qual revisitam uma e outra vez momentos de expectativa, violência e derrota”. Paulo Quedas, Susana Nunes e Tiago Viegas assumem as personagens.

Às Vezes o Amor toca a todos

À boleia do São Valentim, uma vasta comitiva de músicos portugueses volta a fazer-se à estrada para ir cantar ao coração dos fãs. Não é preciso amar quem ouve a mesma canção, porque há de tudo um pouco. Nem é preciso ir muito longe, porque são 15 as cidades visitadas. E muitos dos artistas vão a mais do que uma.

As Canções de Amor de Rui Veloso encabeçam o cartaz desta edição do festival Montepio Às Vezes o Amor, que também recruta Ana Bacalhau, Buba Espinho, Carolina de Deus, David Fonseca, Gisela João e Justin Stanton, GNR, Ivandro, João Pedro Pais, Jorge Palma, Raquel Tavares e The Gift.

Sugerir correcção
Comentar