Raça Bully XL está proibida no Reino Unido — e há ordem para abate

Os animais que não estiverem registados serão capturados e abatidos. Os que têm registo, microchip , e estão castrados podem ficar com os donos desde que usem trela e açaime na rua.

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Os bully XL do Reino Unido que não estiverem registados vão ser abatidos Reuters/Toby Melville
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Entrou esta quinta-feira em vigor a medida do Governo britânico que proíbe a posse, venda e criação de cães de raça bully XL no Reino Unido e País de Gales.

A proibição, anunciada em Setembro de 2023, quer eliminar gradualmente uma das raças que integram a lista de cães perigosos neste país e que é responsável por uma crescente onda de ataques.

Os donos destes animais tinham até quarta-feira, 31 de Janeiro, para os registar, colocar microchip e castrar. Segundo a Reuters, foram registados mais de 30 mil e eutanasiados 150 a pedido dos tutores. Para estes casos, o Governo de Rishi Sunak atribui uma compensação monetária de quase 235 euros.

Quem registou o animal pode continuar com ele, mas é obrigado a cumprir os restantes requisitos que incluem colocar trela e açaime ao cão sempre que este sair à rua. Quem não tiver efectuado o registo incorre numa multa e fica sem o bully XL que será capturado pela polícia e abatido. De acordo com o Guardian, estima-se que serão perto de 15 mil os cães que estão ilegais no país.

“A proibição dos bully XL já está em vigor, o que significa que é ilegal possuir um desses cães, a menos que tenha sido registado. Cumprimos o nosso compromisso de implementar esta importante medida para proteger a segurança pública e esperamos que todos os proprietários destes animais cumpram as condições rigorosas”, anunciou o Secretário de Estado para Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais do Reino Unido, Steve Barclay, citado pelo diário britânico.

Entre 50 e 100 mil bully XL

Em declarações ao mesmo jornal, os veterinários britânicos acreditam que o número real de cães desta raça é muito superior a 30 mil, o que significa que serão mais de 15 mil os que não foram registados. Ao Parlamento do Reino Unido, David Martin, responsável pelo bem-estar animal nas clínicas veterinárias IVC Evidensia, apontou para pelo menos 50 mil bully XL, mas recordou que há estimativas que sugerem 100 mil.

As autoridades estão a aumentar a capacidade dos canis para receberem mais animais e apelam às pessoas para denunciarem quem não estiver a cumprir as regras.

Inicialmente, o Governo escocês disse não concordar com a proibição e anunciou que a medida não seria aplicada no país. A decisão levou muitos britânicos donos de bully XL a levarem os animais sem registo ou microchip para a Escócia. Entretanto, o primeiro-ministro do país, Humza Yousaf, revelou que os cães desta raça que não estiverem registados também serão proibidos.

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O cão Duke relaxa em casa com o dono, Terry Wigzell, antes do seu pedido de isenção na sequência da proibição da raça pelo governo britânico, em Londres, Grã-Bretanha Reuters/Toby Melville

"Não podemos ignorar o facto de, nas últimas semanas, termos visto sinais de um fluxo de cães bully XL [para a Escócia]. Por isso, vamos procurar aplicar algumas das medidas de protecção", afirmou.

Os bully XL resultam do cruzamento de raças como pitbull, american staffordshire terrier ou bulldog e tornaram-se populares no Reino Unido a partir de 2010. Segundo dados mais recentes, esta raça foi responsável por seis dos dez ataques no país em 2022.

"A raça não é um indicador bom ou fiável do risco de comportamento agressivo", argumentou Samantha Gaines, especialista em bem-estar dos cães da Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals, a maior associação de bem-estar animal no Reino Unido, citada pela Reuters.

As autoridades britânicas também encontraram um bully XL morto numa rua com as patas queimadas e amarradas.

A raça está proibida na Turquia e nos Emirados Árabes Unidos e existem regras específicas para ser autorizada noutros países, como a Irlanda, onde estes cães só podem circular na rua com açaime e trela curta (menos de dois metros).

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