Compras de carros aproximam-se dos níveis da pré-pandemia

Mercado nacional cresceu 7,9% em Janeiro de 2024 e as vendas ficam apenas a 2,4% de distância das de Janeiro de 2019. Gasóleo abaixo dos 10% nos ligeiros de passageiros. Eléctricos chineses aceleram.

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A Peugeot, que fabrica carros na Stellantis Mangualde (na foto), continua de pedra e cal na liderança do mercado português Nelson Garrido (Arquivo)
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Apesar de Janeiro ser, por vezes, um mês atípico para a indústria automóvel, o mercado nacional cresceu perto de 8%, em termos homólogos no início de 2024, com 18.826 novas matrículas, das quais 84% são ligeiros de passageiros. Embora o resultado de Janeiro seja pior do que o de Dezembro de 2023, a compra de carros está a aproximar-se cada vez mais dos níveis da pré-pandemia.

Essa é a conclusão que se retira da comparação homóloga com 2019 e os primeiros dois meses de 2020. O número de novas matrículas emitidas nos últimos 31 dias fica apenas 2,4% abaixo das registadas em Janeiro de 2019. É uma diferença mínima comparando com o que sucedia há um ano, quando as vendas do primeiro mês do ano passado estavam ainda 9,5% abaixo das de Janeiro de 2019.

O resultado dá ânimo às marcas com presença no mercado português, até porque esta evolução positiva ainda não conta com o contributo do apoio ao abate de veículos em fim de vida, que foi aprovado na lei do Orçamento do Estado para 2024, mas que só avançará quando os ministérios do Ambiente e das Finanças publicarem o despacho que depois permitirá arrancar com essa medida. Uma acção para a qual foram reservados 129 milhões de euros, destinados a apoiar a troca de 45 mil viaturas com pelo menos 16 anos por carros sem emissões (eléctricos) novos ou usados (com menos de quatro anos) ou carros com motor de combustão interna mas que sejam de emissões reduzidas (o limite de CO2 destas emissões terá de ser fixado).

Por marcas, a Peugeot está de pedra e cal na liderança do mercado português. Registou mais 56,5% de viaturas e ganhou quatro pontos percentuais na quota de mercado mensal, face a Janeiro de 2023. Segue-se a Dacia e a Mercedes.

A Toyota, que em termos de grupo conseguiu a liderança mundial em 2023, batendo, por mais de 1,5 milhões de viaturas, o grupo concorrente mais directo (a Volkswagen), é a quarta marca mais vendida em Portugal, segundo os dados de Janeiro divulgados esta quinta-feira pela ACAP – Associação Automóvel de Portugal.

Por tipo de combustível, os dados mais finos só deverão ser publicados amanhã, mas na visão de conjunto já se percebe com estes números que as chamadas “energias alternativas” continuam a representar a maioria dos carros que acabaram de chegar à estrada, e até alargaram ligeiramente a sua quota mensal nacional. Em Dezembro, eléctricos, híbridos e outros (como o GPL) representavam 51,9% das novas matrículas, ao passo que em Janeiro equivaleram a 52,9% das novas matrículas.

Mais uma vez, não há ainda o efeito do estímulo estatal à troca de viaturas velhas por novas, algo que Portugal, ao contrário da esmagadora maioria dos países da União Europeia (UE), pôs em prática logo depois de a pandemia ter eclodido. Significa que as marcas têm em Portugal a expectativa de um crescimento que em países como a Alemanha já perdeu a sua base de apoio.

O Governo de Berlim anunciou no fim de 2023 o fim abrupto do programa de incentivos que tinha lançado, o que levou imediatamente os analistas a projectar uma quebra na venda de eléctricos em 2024 naquele que é o maior mercado da UE. A previsão é que a venda deste tipo de carros caia 14% num mercado que, em Dezembro, contrariou já a tendência europeia de abandono dos motores diesel, registando um crescimento de 10,3%.

Em Portugal, o diesel representou 9,9% das vendas de ligeiros de passageiros de Janeiro. Em Dezembro, representou 12,3%. Já a gasolina ganhou espaço, tendo 37,2% das vendas mensais destas viaturas, contra 36,1% no mês anterior.

Há um ano, no entanto, o diesel ainda valia mais de 16% e as energias alternativas estavam abaixo dos 50%. Olhando apenas para os eléctricos, nota-se também que as marcas chinesas continuam a ganhar território.

Embora a Tesla seja destacadamente o produtor exclusivo de eléctricos a liderar o mercado nacional, a BYD, que em Janeiro de 2023 ainda não vendia carros em Portugal, conseguiu em Janeiro de 2024 vender 128 — cerca de um quarto dos 549 entregues pela Tesla nestes primeiros 31 dias de 2024. Outra marca chinesa, a MG, entregou 147 (93 em Janeiro de 2023).

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