Economia acelerou no quarto trimestre e cresceu 2,3% no total de 2023

Economia portuguesa evitou recessão técnica com crescimento trimestral de 0,8% no final do ano. Entre os 11 países com dados conhecidos, foi a que cresceu mais no quarto trimestre na UE.

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Procura interna sustentou a economia no final do ano Nelson Garrido
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Depois de um terceiro trimestre de crescimento negativo que a colocava sob a ameaça de entrada em recessão técnica, a economia portuguesa respondeu, nos últimos três meses do ano, com uma aceleração da actividade baseada principalmente num maior dinamismo do consumo privado.

De acordo com a estimativa rápida divulgada nesta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o PIB português registou, no quarto trimestre do ano passado, um crescimento de 0,8% face ao trimestre imediatamente anterior.

Este resultado quebra a tendência de estagnação que se verificava na economia desde o início da Primavera do ano passado. No segundo trimestre, a economia tinha crescido apenas 0,1% em cadeia e no terceiro trimestre tinha-se contraído 0,2%.

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Em comparação com o período homólogo, a taxa de variação do PIB passou de 1,9% no terceiro trimestre para 2,2% no quarto.

A aceleração forte conseguida pela economia nos últimos três meses do ano contribuiu para que, no total de 2023 face a 2022, o crescimento do PIB se cifrasse em 2,3%, neste caso um abrandamento face aos 5,7% de 2021 e aos 6,8% de 2022.

Consumo ajuda

Nesta estimativa rápida, o INE ainda não disponibiliza os dados relativos às diversas componentes do PIB. No entanto, já dá algumas indicações sobre aquilo que está por trás do desempenho mais favorável registado pela economia portuguesa no final do ano passado.

A nota da autoridade estatística refere, em particular, que "o contributo da procura interna para a variação em cadeia do PIB aumentou no quarto trimestre, reflectindo o comportamento do consumo privado". Já tinham sido evidentes, em vários indicadores publicados nas últimas semanas, como o volume de operações feitas no Multibanco ou a confiança dos consumidores, os sinais de que o último trimestre do ano tinha sido de crescimento mais forte das compras feitas pelos portugueses.

O principal receio residia no impacto que a conjuntura sombria que se vive em vários parceiros comerciais de Portugal poderia ter nas exportações nacionais, que no terceiro trimestre já tinham sido as principais responsáveis pela contracção da economia. No entanto, também aqui, o resultado acabou por registar uma melhoria, já que o INE afirma que, no quarto trimestre, "o contributo da procura externa líquida [para a variação do PIB em cadeia] foi menos negativo" do que no terceiro trimestre.

Zona euro escapa por pouco a recessão

A economia portuguesa foi, entre os 11 países da União Europeia (dez da zona euro mais a Suécia), para os quais já são conhecidos dados, aquela que registou taxas de crescimento mais elevadas no quarto trimestre, seja em cadeia, seja em termos homólogos.

E no total, de acordo com a estimativa publicada também nesta terça-feira pelo Eurostat, o desempenho no quarto trimestre confirma as dificuldades da economia europeia em sair do estado de estagnação em que se encontra desde o início do ano passado.

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No quarto trimestre do ano passado, a variação do PIB, quer na zona euro, quer na União Europeia, foi nula, um resultado que o máximo que fez foi evitar, por muito pouco, que se pudesse declarar uma recessão técnica, já que no terceiro trimestre se tinha registado uma contracção de 0,1%.

No que diz respeito à variação do PIB face ao período homólogo do ano anterior, a zona euro ficou-se por um crescimento ligeiro de 0,1% e a União Europeia de 0,2%.

Portugal foi, com a sua variação em cadeia de 0,8% do PIB nos últimos três meses do ano, a economia com melhor resultado entre as 11 com dados disponíveis (dos 27 Estados-membros existentes da UE), seguida da Espanha, com um crescimento de 0,6%, e da Bélgica e Letónia, com um crescimento de 0,4%.

No que diz respeito à variação do PIB face ao mesmo período do ano passado, a variação positiva de 2,2% de Portugal é também a mais alta, superando os 2% da Espanha e os 1,6% da Bélgica.

Pela negativa, destacou-se a Irlanda (conhecida pelos seus dados do PIB muito voláteis devido ao impacto dos fluxos de capital das empresas multinacionais presentes no país), com uma contracção trimestral em cadeia de 0,7% e homóloga de 4,8%.

É no entanto a Alemanha, com uma variação em cadeia negativa de 0,3% no quarto trimestre e uma contracção do PIB no total de 2023 também de 0,3%, que, pela sua dimensão, mais está a pesar negativamente no desempenho da economia da zona euro. As outras duas maiores economias da zona euro, a França e a Itália, registaram no quarto trimestre variações do PIB em cadeia de zero e 0,2%, respectivamente.

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