Companhias dos EUA encontram “peças soltas” em vários Boeing 737 Max

Na sequência de um incidente num voo da Alaska Airlines, o regulador norte-americano da aviação ordenou a realização de inspecções a centenas de aeronaves da Boeing. Foram encontradas “peças soltas”.

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A Alaska Airlines e a United Airlines encontraram "peças soltas" em vários aviões da Boeing EPA/JOHN G. MABANGLO
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A United Airlines e a Alaska Airlines encontraram "peças soltas" em várias aeronaves Boeing 737 Max 9, durante inspecções levadas a cabo depois de um incidente com a companhia aérea do Alasca. Centenas de aviões da fabricante de aeronáutica norte-americana estão, assim, em terra, por ordem dos reguladores do sector, uma medida que está a gerar receios quanto à segurança destas aeronaves.

Na origem destas inspecções está um incidente com um avião Boeing 737 Max 9 da Alaska Airlines na passada sexta-feira, que teve de fazer uma aterragem de emergência, depois de uma janela e um pedaço de fuselagem terem caído. Os passageiros foram obrigados a recorrer às máscaras de oxigénio, mas o avião aterrou em segurança e nenhum dos 174 passageiros ou seis membros da tripulação saiu ferido.

Na sequência deste episódio, a Administração Federal da Aviação norte-americana (FAA, na sigla em inglês) ordenou a "inspecção imediata" de 171 aeronaves desta geração da Boeing antes de poderem realizar novo voo. Foi nestas inspecções que a Alaska Airlines e a United Airlines, que também tem estes aviões na frota, encontraram peças soltas em várias aeronaves, segundo comunicaram as duas empresas nesta segunda-feira, citadas pela Reuters.

Em concreto, a Alaska Airlines adiantou que os técnicos responsáveis pelas inspecções detectaram "equipamentos soltos" em algumas das aeronaves em "zonas relevantes". Já a United Airlines avançou que as investigações preliminares encontraram parafusos que precisavam de ser apertados em vários painéis. Fonte próxima desta companhia aérea, citada pela Reuters mas não identificada, referiu que foram encontrados parafusos soltos em perto de dez aeronaves, um número que poderá aumentar.

Em simultâneo, o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB, na sigla em inglês) também está a conduzir uma investigação, mas, para já, ainda não chegou a quaisquer conclusões. A presidente deste organismo, Jennifer Homendy, afirmou que o foco da investigação é no avião onde o incidente de sexta-feira ocorreu, mas salientou que "não irá hesitar" em emitir recomendações para todo o sector se necessário.

Pelo caminho, os especialistas do sector vão demonstrando receio quanto à segurança destes aviões, o produto mais vendido da Boeing, uma das maiores fabricantes aeronáuticas do mundo, e vários reguladores já reagiram. Por cá, a Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA, na sigla em inglês) adoptou a directiva da FAA que determinou que os aviões do modelo em causa fossem deixados em terra, mas adiantou que nenhuma companhia aérea de um Estado-membro da União Europeia opera aeronaves com os equipamentos afectados.

Nos mercados, os efeitos também se vão sentido, embora o primeiro impacto já tenha sido atenuado. As acções da Boeing chegaram a desvalorizar 8% na segunda-feira, mas, por volta das 18h (em Lisboa), estavam a desvalorizar em torno de 0,9% na bolsa de Nova Iorque, valendo cada título 226,88 dólares.

Esta não é a primeira vez que estas aeronaves da Boeing trazem problemas. O modelo anterior, o 737 Max 8, passou por dois acidentes graves: em Outubro de 2018, quando um destes aviões se despenhou com 189 pessoas a bordo no mar de Java, e em Março de 2019, quando um voo da Ethiopian Airlines se despenhou a caminho do Quénia, com 157 pessoas a bordo. Este modelo da Boeing ficou, então, proibido de voar pelo regulador norte-americano, uma proibição que acabou por ser levantada em 2020, ainda que a fabricante tenha sido obrigada a fazer várias modificações aos aviões.

As duas companhias aéreas portuguesas com voos regulares – TAP e SATA – não operam com aviões Boeing actualmente. A frota da TAP é composta por vários modelos da Airbus e do grupo brasileiro Embraer. E a companhia aérea açoriana SATA opera com aviões da construtora aeronáutica europeia Airbus no médio e longo curso e dedica as aeronaves da Bombardier a voos entre ilhas.

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