Nova Iorque quer implementar o primeiro abono pré-natal dos Estados Unidos

Com as taxas de mortalidade infantil e materna a subir, o estado quer combater o que diz ser “uma crise” em que “mães e bebés estão a morrer desnecessariamente”.

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Taxas de mortalidade infantil e materna aumentaram nos Estados Unidos Regis Duvignau/Reuters
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A governadora do estado americano de Nova Iorque apresentou uma proposta para a criação de um abono pré-natal a atribuir às grávidas que precisem de faltar ao trabalho para ir a consultas de acompanhamento da gestação. Se for aprovada, Nova Iorque será o primeiro estado dos Estados Unidos da América a ter tal prestação social.

A medida apresentada na quinta-feira pela democrata Kathy Hochul prevê uma licença paga de até 40 horas para ir a consultas ou outros actos médicos. A governadora disse que a proposta “permitirá às trabalhadoras grávidas garantir que as suas necessidades médicas não põem em causa a sua capacidade de contribuir para as despesas domésticas”.

Em Portugal, as faltas ao trabalho para ir a consultas de acompanhamento da gravidez são justificadas para mães e pais. Existe ainda disponível um abono pré-natal para as grávidas em situação económica mais vulnerável.

Os dados estatísticos mais recentes, relativos a 2022, mostram que a mortalidade infantil nos Estados Unidos aumentou em 3% face a 2021, o que representa a primeira subida em 20 anos. Também a mortalidade entre as grávidas aumentou em 2021 face aos anos anteriores, situando-se em 32,9 mortes por cada 100 mil nascimentos.

“Anotem bem: estamos a enfrentar uma crise de mortalidade maternal e infantil”, disse Kathy Hochul, ela própria mãe de duas crianças, argumentando que “mães e bebés estão a morrer desnecessariamente por toda a nação e em Nova Iorque”.

Os especialistas não arriscam dar explicações definitivas para esta deterioração da taxa de mortalidade infantil. Alguns médicos ouvidos recentemente pelo New York Times sublinham que os dados dizem respeito ao ano imediatamente a seguir à prevalência da covid-19, que foi directamente responsável por um aumento da mortalidade e de doença entre mulheres grávidas.

“Estávamos a sair da covid. Estávamos a fazer muita telemedicina. Será que isso mudou alguma coisa? Os protocolos mudaram? O acesso [ao sistema de saúde] tornou-se um problema? Também sabemos que a saúde mental pode ter um impacto”, arriscou Elizabeth Cherot, obstetra e ginecologista que lidera a March of Dimes, uma organização que advoga por melhores cuidados de saúde maternos.

Os dados também mostram que a probabilidade de uma mulher negra morrer em complicações relacionadas com o parto é muito superior à das mulheres brancas. No entanto, as desigualdades raciais e económicas são apenas uma parte do problema, alertam especialistas.

“Nenhuma mulher neste país deve ter medo de ficar grávida por achar que isso pode levar à sua morte”, afirmou Hochul.

O seu plano para melhorar os cuidados de saúde a grávidas e bebés em Nova Iorque inclui ainda um mecanismo que facilita a contratação de doulas, a redução das cesarianas, o alargamento dos cuidados de saúde mental para grávidas e mães e a oferta de berços a todos os recém-nascidos.

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