Afonso criou uma app de bicicletas alternativa à Gira — mas sem os bugs

O estudante usava a app da EMEL para pedalar entre Campolide e Benfica, mas nem sempre funcionava. No final de Novembro lançou a mGira, que sabe sempre quantas bicicletas existem por estação.

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Afonso criou a mGira há um mês Afonso Hermenegildo
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Para Afonso Hermenegildo, desenvolver sites e programas de informática é o seu passatempo desde criança. Quando se interessava por uma aplicação ou mecanismo, tentava criar um parecido. Foi assim que, aos 12 anos, desenvolveu um “sistema simples que enviava emails”. Agora, aos 19 lançou uma app de bicicletas partilhadas semelhante à Gira da EMEL, em Lisboa: chama-se mGira (que significa "melhor Gira"), nasceu há um mês e já está à disposição dos habitantes da cidade.

A plataforma foi pensada em Outubro durante as deslocações diárias de bicicleta que Afonso fazia entre Campolide, onde vive, e Benfica, onde estuda. Nessa altura, utilizava a Gira para se deslocar e tentava não perder a cabeça com os problemas que a aplicação tinha — e ainda tem, segundo o jovem.

“A app [Gira] gosta muito de fechar e de não ter o login da pessoa feita quando a abrimos. Às vezes não envia o pedido para deixar tirar as bicicletas e temos de fechar a aplicação e voltar a abrir. Já tive de sair e voltar a entrar pelo menos cinco vezes só para tirar uma bicicleta”, conta em entrevista ao P3.

Na mGira, afirma, nada disto acontece. Além de funcionar, é bastante intuitiva e simples de usar em sistema Android ou iOS. Para a testar, basta pesquisar pelo nome da plataforma no browser do telemóvel, clicar no site e fazer o login (com as credenciais da EMEL) que ficará guardado sempre que a pessoa quiser utilizar a mGira novamente. Depois, é só seguir os passos para instalar a aplicação ou voltar a pesquisá-la no motor de busca para a usar.

“Quando a pessoa abre a app, vai aparecer um mapa com as estações e uns ícones que dizem quão cheia está cada estação. Depois de carregar na estação que quer, vai abrir um menu onde aparece o número de docas e bicicletas que estão disponíveis”, explica o estudante de Sistemas e Tecnologias de Informação da NOVA IMS.

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Para usar uma bicicleta basta carregar no menu com o mesmo nome. Em relação aos pagamentos, quem os recebe é a EMEL.

Apesar de ser simples, Afonso demorou quase dois meses “e alguns fins-de-semana inteiros” a terminar o sistema. Quando chegou o momento de o testar, experimentou o percurso habitual até Benfica, mas optou pela nova rota que a mGira sugeria, e que, segundo o jovem, era até mais segura do que a antiga. Se a zona de Lisboa não tiver ciclovias, como acontece em Marvila, Restelo, Graça, Bairro Alto ou Ajuda, a aplicação também avisa.

Código para todos verem

O número de utilizadores da app varia consoante o dia da semana e tempo, mas nos primeiros dias chegou a ser usada por 600 pessoas. Neste momento, tem cerca de 200 utilizadores diários.

Afonso também não ganha nada com a mGira, mas nem por isso deixa de a melhorar. A privacidade de todos é uma das regras do jovem, que não fica com os registos dos utilizadores e, para garantir que a aplicação é confiável, o código está disponível no GitHub, plataforma onde as pessoas podem sugerir alterações ou comunicar alguns bugs que encontrem.

“Por exemplo, uma pessoa escreveu que o botão de anda para trás na versão Android saía da app e encontrei uma forma de não sair e de o botão ir apenas para o menu anterior”, recorda.

A EMEL descobriu a concorrência uma semana depois de a plataforma estar disponível e já propôs ao jovem uma parceria para, no futuro, criarem uma aplicação em conjunto. Por enquanto, o servidor da Gira não vai ficar fechado, mas quando ou se acontecer, a mGira deixa de ter acesso ao número de estações e de bicicletas nas docas e, consequentemente, desaparece.

“Vamos lá ver por quanto tempo é que não fecham. Se decidirem mudar o URL, a minha app há-de continuar a existir, só tenho de a actualizar.”

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