Líder dos rebeldes aceita negociar o fim da guerra no Sudão

O general Hemedti aceitou a proposta do ex-primeiro-ministro Abdalla Hamdok e disse que vai agora discutir as condições para a reunião com o chefe do Exército sudanês, general Abdel Fattah al-Burhan.

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O conflito no Sudão já fez sete milhões de deslocados e 1,5 milhões de refugiados ZOHRA BENSEMRA/Reuters

O líder das Forças de Apoio Rápido (RSF), o general Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como ‘Hemedti’, aceitou a proposta do ex-primeiro-ministro Abdalla Hamdok, o último líder civil do Sudão, para negociar o fim da guerra com o Exército sudanês, que começou em meados de Abril e desencadeou uma crise humanitária sem precedentes na região.

"Recebi uma carta de Hamdok, líder da Coordenação das Forças Civis Democráticas, a convidar-nos para uma reunião urgente para discutir estratégias para pôr fim a esta guerra e enfrentar os seus impactos. Com um sentido de urgência e de responsabilidade, concordo em realizar esta reunião fundamental o mais rapidamente possível", afirmou.

Hemedti, que disse saudar "as iniciativas nacionais para promover a paz", acrescentou que iria começar "imediatamente" a discutir as condições para a reunião, de acordo com o seu perfil na rede social X (anteriormente conhecida como Twitter).

Os governos dos Estados Unidos e do Sudão confirmaram no fim-de-semana que o líder do Exército sudanês e presidente do Conselho, Abdel Fattah al-Burhan, está a ultimar um possível encontro com Hemedti, depois de o presidente de transição ter dito à mediação africana liderada pela Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD) que estava disposto a reunir-se "desde que sejam cumpridas determinadas condições".

O Sudão está há mais de oito meses em conflito entre o Exército sudanês e RSF, que eclodiram a 15 de Abril, depois de graves divergências sobre a integração do grupo paramilitar nas Forças Armadas terem feito descarrilar o processo de transição após o derrube de Omar Hassan al-Bashir, após 30 anos no poder.

A guerra no Sudão devastou completamente o país e gerou uma das maiores crises humanitárias dos últimos tempos em África. Conflitos atrás de conflitos deixaram sete milhões de pessoas deslocadas e 1,5 milhões de refugiados e a última guerra alimentou um conflito intercomunitário histórico na região de Darfur, palco, segundo as ONG, de atrocidades constantes desde o início da guerra.

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