“Sozinho no avião”: companhia embarca criança de 6 anos no voo errado

O menino, que viajava sem a companhia de um adulto, ia ter com a avó a Fort Meyers, na Florida. Mas acabou em Orlando, a mais de 250 quilómetros.

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“Assim que descobrimos o erro, tomámos medidas imediatas para comunicar com a família”, afirmou a Spirit num comunicado DR/Forsaken Films via Unsplash

A Spirit Airlines pediu desculpas por ter embarcado um menino de 6 anos no voo errado e que acabou por aterrar a mais de 250 quilómetros do local onde a sua avó estava à sua espera. Mas a companhia aérea ainda não explicou como isso aconteceu.

A avó María Ramos disse à estação de televisão WINK News que era a primeira vez que o rapaz viajava de avião na quinta-feira e que se dirigia de Filadélfia para Fort Myers, na Florida. Só que, apesar de a sua bagagem ter chegado a Fort Myers, do rapaz não havia nem sinal. E a avó entrou em pânico, confessou.

“Corri para dentro do avião até à comissária de bordo e perguntei-lhe: ‘Onde está o meu neto?’” Pouco depois, o neto telefonou-lhe de Orlando, informou a WINK, e ela foi buscá-lo de carro.

“A criança esteve sempre sob os cuidados e a supervisão de um membro da equipa da Spirit e, assim que descobrimos o erro, tomámos medidas imediatas para comunicar com a família e restabelecer a ligação”, afirmou a companhia num comunicado partilhado pela estação de televisão, acrescentando que estava a realizar uma investigação interna.

A Administração de Segurança dos Transportes (TSA, na sigla original) garante que cada passageiro tenha um cartão de embarque antes de entrar na área segura de um aeroporto e não estaria envolvida no incidente da Spirit, disse Daniel Velez, porta-voz da TSA, na segunda-feira, que encaminhou perguntas para a companhia aérea.

A Spirit não respondeu aos pedidos de comentário e os esforços para contactar María Ramos não foram bem-sucedidos.

Tais contratempos são incomuns, mas, quando ocorrem, levantam sérias questões sobre segurança e protecção e, ocasionalmente, provocam litígios e inquéritos regulatórios.

Em 2016, Maribel Martinez processou a JetBlue Airways, alegando que esta confundiu os dados de voo do seu filho de 5 anos com os de outro rapaz que também estava a voar a partir da República Dominicana. Quando Martinez chegou ao Aeroporto Internacional John F. Kennedy, em Nova Iorque, para ir buscar o seu filho, um rapaz que ela não conhecia foi levado ao seu encontro na porta de embarque, de acordo com o processo.

Entretanto, o seu filho “foi escoltado até uma mulher desconhecida” no Aeroporto Internacional Logan, em Boston, diz o processo, “e foi-lhe dito que estava a ser reunido com a sua mãe”. A mãe e o filho afirmaram ter sofrido um desgaste emocional em consequência disso. O litígio foi resolvido em Dezembro de 2016, disse um advogado dos requerentes na época. A JetBlue não respondeu a um pedido de comentário.

Em 2017, dois irmãos embarcaram num voo de Los Angeles com destino a Tóquio na All Nippon Airways (ANA). Ambos tinham passaportes e cartões de embarque válidos, mas um deles tinha um bilhete da United Airlines e não era suposto estar no voo da ANA. O avião regressou aos Estados Unidos a meio do voo e o incidente ganhou grande destaque depois de a modelo Chrissy Teigen, que ia a bordo, ter publicado no Twitter sobre o “voo para lado nenhum”.

Um porta-voz da TSA disse na altura que o FBI estava a investigar o incidente e a ANA disse que estava a trabalhar para determinar as causas do ocorrido. A companhia aérea não respondeu a um pedido de comentário.

Em 2019, um rapaz de 14 anos, a viajar sozinho da Carolina do Norte, parou em Newark para um voo de ligação para a Suécia, mas a United Airlines dirigiu-o até um voo da Eurowings para a Alemanha. O voo da Eurowings regressou à porta de embarque antes de levantar voo, informou a United na altura, depois de a tripulação se ter apercebido de que o rapaz estava no avião errado.

Um porta-voz da Eurowings disse na altura que o embarque para os voos com destino à Suécia e à Alemanha foi feito ao mesmo tempo em portas vizinhas e foi tratado por “um prestador de serviços externo”, e que o adolescente recebeu por engano um cartão de embarque para o voo errado.

Um juiz federal está a ponderar se autoriza a JetBlue a adquirir a Spirit, depois de o Departamento de Justiça se ter oposto à fusão, obrigando a um julgamento em Boston.


Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post
Tradução: Carla B.Ribeiro

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