Dependência energética de Portugal voltou a aumentar em 2022

Relatório do INE sobre o estado do ambiente mostra que o país importou mais petróleo em 2022 e que esse foi o ano mais quente. Oferta energética de renováveis em Portugal é superior à média da UE.

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O sector dos transportes fez aumentar o gasto de energia nacional em 2022 Nelson Garrido
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A dependência energética de Portugal face ao exterior voltou a aumentar em 2022, para os 71,2%, aproximando-se passo a passo dos valores pré-pandemia, mostra o relatório Estado do Ambiente - 2022, produzido pelo Instituto Nacional de Estatística e divulgado nesta quinta-feira.

O relatório traça o panorama do ambiente para aquele ano a partir de informação estatística em sete áreas: populações e actividades humanas; ar e clima; água; solo; biodiversidade e paisagem; resíduos, energia e transportes; economia e finanças do ambiente.

A partir do relatório, fica-se a saber que em 2022 a população portuguesa aumentou 46.249 habitantes face a 2021, graças à imigração, e que 2022 foi o ano mais quente em Portugal desde que há registos – uma informação conhecida desde Janeiro –, com 16,64 graus Celsius de temperatura média, 1,38 graus acima do período de referência 1971-2000.

Em relação à dimensão energética, o país aumentou o consumo de energia primária – medido em tonelada equivalente de petróleo (tep) –, de 20.817 quilotep, em 2021, para 21.315 quilotep, em 2022.

O valor ainda não atingiu o patamar pré-pandemia, mas mostrou que a dependência do país face ao consumo de energia externa continua a aumentar. “Em 2022, a dependência energética nacional foi de 71,2%, o que representa um aumento de 4,1 pontos percentuais face a 2021 (67,1%)”, lê-se no relatório. Em 2017 a dependência energética nacional tinha atingido um pico de 77,7%.

A tendência de consumo dos vários tipos de energia não foi toda igual. Houve um decréscimo do consumo de gás natural e o uso de carvão passou a ser quase “residual”, em “resultado do encerramento em Novembro de 2021 das centrais termoeléctricas para produção de energia eléctrica”, lê-se no relatório. Por outro lado, o consumo de petróleo aumentou. Aquelas três fontes de energia fóssil são responsáveis por emitir gases com efeito de estufa, como o dióxido de carbono e o metano, provocando o aquecimento global e as alterações climáticas.

Ao todo, o petróleo representou 42% da energia consumida no país em 2022, mais 1,4% do que em 2021; o gás natural representou 22,6%, menos 1,3% do que o ano anterior; e a electricidade representou 14,1%, mais 0,1% do que em 2021. “Verifica-se a nível nacional uma maior dependência do petróleo (44,2% que compara com 34,2% na União Europeia dos 27 países (UE27)), sendo evidente a crescente oferta energética proveniente de fontes renováveis (31,7%), claramente superior à média da UE27 (17,2%)”, avança o relatório.

Os sectores dos transportes e dos serviços foram os que fizeram aumentar o gasto energético em 2022. O número de veículos em circulação terá crescido 2,2% nesse ano, chegando aos 7,2 milhões de unidades.

Incêndios e áreas protegidas

Outra informação importante que o relatório aborda está relacionada com os incêndios florestais. No período de 2014 a 2023, o ano de 2022 teve o terceiro maior valor de área ardida. Ao todo, 110.100 hectares arderam nesse ano, ficando atrás de 2017 e 2016, os dois piores anos daquele período.

Daquela área, 24,4 mil hectares correspondem a áreas protegidas, representando 22% ou mais do que um quinto da área total ardida, como já tinha sido noticiado em Janeiro. O incêndio com mais impacto em áreas protegidas foi o que ocorreu em Agosto de 2022, na Serra da Estrela. “O Parque Natural da Serra da Estrela foi a área protegida mais afectada, cerca de 90% do total da superfície classificada ardida no ano em análise”, de acordo com o relatório.

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