Mostra de dança no Teatro Viriato apresenta Hurlula em estreia nacional

A 12.ª edição do NANT irá decorrer entre 17 e 31 de Janeiro em Viseu. Concerto coreografado da francesa Flora Détraz, estreado na Bienal de Dança de Lyon, seguirá depois em digressão por outros países

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Hurlula, de Flora Détraz dr/bienal de dança de lyon

A mostra de dança New Age, New Time (NANT) vai apresentar em Janeiro no Teatro Viriato, em Viseu, a estreia nacional do concerto coreografado Hurlula, da francesa Flora Détraz, havendo ainda cinema e dança dirigida aos mais novos, foi esta terça-feira anunciado.

O espectáculo de Flora Détraz, que regressa ao NANT, é um concerto coreografado, estreado na Bienal de Dança de Lyon, em Setembro, co-produzido pelo Teatro Viriato "e por alguns dos teatros mais importantes da Europa". Depois de Viseu, segue em digressão para outros países.

Détraz apresentou parte da criação do espectáculo em 2022, em Almada, no âmbito do Festival Alkantara, outro dos co-produtores nacionais, a par de O Espaço do Tempo.

Henrique Amoedo, director do Teatro Viriato, acrescentou que Hurlula é, "ao mesmo tempo, íntimo e visceral, mas também excessivamente expressivo, é o corpo a extravasar, a sua força de explosão transgride as normas da sociedade e quebra o silêncio".

Para abrir o NANT, Uma partícula mais pequena do que um grão de pó, de Sofia Dias e Vitor Roriz, "destinado aos mais novos, o que não é muito comum no universo da dança portuguesa, mas é necessário".

"Queremos que os mais novos também sejam ousados, que tenham diferentes experiências e que assumam os riscos da experimentação e, principalmente, que a arte seja um dos veículos para no futuro serem cidadãos mais participantes e interventivos", defendeu Amoedo.

Elizabete Francisca apresenta A besta, as luas, uma "representação possível da geografia de um corpo político e não submisso" onde a coreógrafa "reflecte sobre a heterossexualidade como regime político, fundado através da escravização das mulheres".

"É uma ideia que assenta no questionamento, não só da divisão e catalogação do género, como também se impõem enquanto conflito de classe. Elizabete Francisca diz-nos que é urgente reivindicar o lugar de resistência e transformar possíveis fragilidades em potências", desvendou o director do Viriato.

Coexistimos, de Inês Campos, "expressa uma crença firme de que as artes são promíscuas e gostam da companhia umas das outras" e, por isso, "é uma peça que tem dança, teatro, cinema e manipulação de objectos que tentam criar uma sucessão de ilusões".

Cristina Planas Leitão vai orientar a oficina destinada a todos os interessados em dança, Radical Softness, que "não é um trabalho feito na performance, mas sim conjuntamente com o público, baseado muito mais no afecto que no efeito".

A criadora Cristina Planas Leitão encerra o NANT com o espectáculo O Sistema, "uma reflexão que parte de um sistema que não serve" as pessoas que nele vivem.

O cinema também faz parte da programação, em parceria com o Cineclube de Viseu, com a exibição de "Ema", de Pablo Larraín, já que "é uma forma diferente de mostrar a dança, porque ela também está no cinema e continua a ser dança".

No foyer do Teatro Viriato vai ser inaugurada em 17 de Janeiro a exposição Desenhar no Escuro, de Emma Andreetti e Marc Parchow, que acompanharam a edição anterior do NANT e "desenharam sempre, em todos os momentos, muitas vezes no escuro, enquanto conversavam com os artistas, durante os ensaios, durante as montagens técnicas e durante os próprios espectáculos". Estará patente até 26 de Julho.

Henrique Amoedo defende que o NANT, que irá decorrer entre 17 e 31 de Janeiro, "já conseguiu a afirmação da sua importância no cenário português da dança", uma mostra que "tem no seu DNA a jovialidade, a ousadia, o risco e a experimentação, características que fazem com que a programação seja diversa e desafiante".

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