Rita Maria e Filipe Raposo voltam a The Art of Song, agora entre o sagrado e o profano

O projecto começou com um concerto em Oslo, em 2017, que viria a dar origem a um CD ao vivo, e a sua natural sequência foi a edição, em 2020, do álbum The Art of Song vol. 1: When Baroque Meets Jazz. Uma aventura que voltou a unir o pianista Filipe Raposo e a cantora Rita Maria, ambos compositores, e que eles contam desenvolver em novos discos, nos anos que virão. Pois é o segundo volume dessa série que se anuncia agora, com uma apresentação ao vivo no Centro Cultural da Malaposta, sábado, dia 16 de Dezembro, às 21h. Chama-se The Art of Song vol. 2: Between Sacred and Profane e estará disponível no final desta semana nas plataforma digitais e em formato físico, com selo da RODA.

Gravado na Igreja de Santa Maria, em Maria Idanha-a-Velha, em Outubro deste ano, The Art of Song vol. 2 cruza reinterpretações de temas do cancioneiro popular da Beira Baixa e de Trás-os-Montes com temas do repertório clássico de Bach, Lully, Rameau ou Purcell, a par de um tradicional sefardita e de uma canção de José Afonso (Alegria da criação). O videoclipe que aqui se estreia, numa antevisão do álbum, é Gavotte, de Rameau (Gavotte et six doubles, RCT 5), que no disco surge em bloco acompanhado das suas seis variantes.

No texto que acompanha o lançamento deste disco, escreve Filipe Raposo: “Os ritos e os mitos têm desempenhado uma função de procura e ligação ao profundo, de regresso à origem, na explicação dos mistérios; apaziguam e reconfortam, conferindo significado e valor à nossa existência. Nas culturas que separam o mundo do divino do mundo do quotidiano, a relação entre Sagrado e Profano pode ser interpretada como religião e não religião. No entanto, nas sociedades arcaicas, cada intervenção do homem no ambiente rural, como o abrir a terra com um arado ou o derrubar uma árvore da floresta, possuem os ritmos de uma sacralidade latente, não se sentindo diferenciação entre as actividades laico-profanas e a actividade sagrada. É como se vivessem numa permanente imersão no sagrado. Existe uma pulsão unificante, onde tudo é sagrado e profano.”

Depois do concerto no Centro Cultural da Malaposta, The Art of Song vol. 2 tem já mais duas datas para apresentações ao vivo. A primeira é no 5 de Janeiro, no Centro Cultural Raiano em Idanha-a-Nova, e a segunda é no dia 23 de Janeiro, no Teatru Manoel, Valletta, Ilha de Malta.